A jornada 6×1 atinge especialmente jovens negros periféricos, que trabalham sobretudo com comércio e serviços; 70% dos trabalhadores relatam sintomas de estresse ocupacional; e mais de 30% já apresentam sinais de esgotamento mental provocado pelo trabalho. É o que revela o Atlas da Escala 6X1, que será lançado na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no próximo dia 1° de agosto.
A pesquisa denuncia os impactos da jornada 6×1 como expressão brutal da precarização contemporânea e é resultado de uma articulação entre pesquisadores do Observatório do Estado Social Brasileiro, do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro e da Associação Trabalho, Rede, Acompanhamento e Memória (Trama).
Ao Brasil de Fato, o presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Márcio Ayer, classificou essa jornada como “desumana”. “A escala 6×1 é desumana. Rouba tempo de vida e a saúde das pessoas. Pais e mães não conseguem ver nem cuidar de seus filhos e não há acesso a uma vida melhor e mais justa porque os trabalhadores e trabalhadoras não conseguem estudar, nem ter o mínimo de lazer. Vivem para o trabalho, sem parar!”.
O Atlas conta com 14 capítulos e 83 mapas e abordam temas como gênero e raça, moradia, educação, saúde mental, contrato intermitente, turismo, urbanização e trabalho rural. Na coleta de dados foram entrevistados mais de 3.700 trabalhadores em 394 municípios brasileiros.
Para os organizadores do trabalho, a publicação é também um instrumento político para mobilizar a sociedade em geral em torno da precarização da jornada de trabalho no Brasil. “A gente ouviu muitos trabalhadores que não estão aguentando mais, que estão pedindo demissão, muitas vezes porque são pressionados a se demitir. ‘Não tive outra saída’, dizem”, relata Ayer. Além disso, a circulação do Atlas pretende fomentar a luta pela jornada semanal, sem redução salarial, inspirando-se em experiências internacionais bem-sucedidas.
Serviço
Lançamento do Atlas da Escala 6×1 na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip)
Data: 01/08 (sexta)
Horário: 16h
Local: Casa Kalundu – Rua do Comércio, 244 – Sobrado, Centro Histórico de Paraty
No debate estarão presentes Pedro Tourinho (médico e Presidente da Fundacentro, do Ministério do Trabalho e Emprego); Márcio Ayer (Presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro e Coordenador Executivo da TRAMA); Tadeu Arrais (Prof. da UFG e coord. do Observatório do Estado Social Brasileiro); Dani Balbi (Deputada Estadual do PCdoB e Presidente da Comissão de Trabalho da Alerj) e Paulo Farias (Presidente da CTB-RJ).