O mundo tem apenas três anos para reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa e evitar o “ponto de não retorno” da crise climática. O alerta é do geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Ribeiro, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. Ele se baseia em um novo relatório de indicadores globais, publicado por cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, que mostra que os compromissos atuais dos países são insuficientes diante da emergência.
“Apenas 25 países apresentaram suas NDCs [contribuições nacionalmente determinadas], e só o Reino Unido tem metas compatíveis com o que seria necessário”, aponta o professor. Segundo Ribeiro, isso se explica pelo fato de o país ser um arquipélago diretamente ameaçado pela elevação do nível do mar. “Quando a situação se torna mais crítica, a resposta política aparece. Mas ainda é pouco”, observa.
Na avaliação do geógrafo, o documento evidencia que os impactos das mudanças climáticas, antes projetados para 2050 ou 2060, devem ser antecipados. “Não se trata de um relatório alarmista, mas realista. […] São dados científicos que mostram as implicações. […] Isso é cada vez mais consolidado por meio de conteúdos matemáticos, inteligência artificial e uma série de outras variáveis. Esse conjunto permite chegar a diagnósticos bastante precisos, confirmados, infelizmente, com os eventos extremos que temos assistido”, destaca.
COP30 é momento de agir
Diante disso, Ribeiro reforça a importância da mobilização da sociedade civil para pressionar governos, especialmente pensando na preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada no Brasil em novembro. “A litigância climática, liderada por jovens, é um movimento que precisa ganhar mais repercussão. Temos pouco tempo para agir”, defende.
Para ele, o Brasil, como país anfitrião da conferência da ONU, deveria liderar esse chamado. “Precisamos de um acordo mais ousado e consistente. […] Do contrário, teremos o agravamento de eventos que eram previstos para 2050, 2060 cada vez mais cedo, com as consequências que já conhecemos: secas extremas, alagamentos, oscilação de temperatura, acidificação dos oceanos e perda da biodiversidade”, alerta.
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