Este ano, o episódio conhecido como Chacina de Acari, que ocorreu na zona norte do Rio de Janeiro, completa 35 anos. Para marcar a data, os coletivos Mães de Acari e Fala Akari organizam uma programação neste sábado (26) com debates sobre a luta e a memória das mães e familiares que levou à condeção do Estado brasileiro no caso.
Em 2024, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) responsabilizou o Estado pelo desaparecimento forçado dos 11 jovens e por omissão nas investigações do crime. Apenar de histórica e comemorada pelos familiares e movimentos de direitos humanos, a decisão demorou mais de 30 anos.
O movimento Mães de Acari foi pioneiro em denunciar a violência policial no país. Em 1993, duas lideranças do grupo foram assassinadas enquanto avançavam nas investigações do caso por conta própria. Outras mãe e familiares faleceram ao longo dos anos sem ver justiça para seus filhos.
:: Quer receber notícias do Brasil de Fato RJ no seu WhatsApp? ::
Segundo reportagem da Agência Brasil, o Ministério Público Federal (MPF) tem cobrado dos governos o cumprimento da sentença internacional. Um documento foi encaminhado para as secretarias de Saúde do Rio de Janeiro, Duque de Caxias e Magé, e da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro e do Ministério da Saúde.
No ofício, o MPF estabeleceu prazo de dez dias para os órgãos formalizarem compromisso com o atendimento psicossocial individualizado das famílias.
A sentença da Corte IDH também estabelece a continuidade da investigação; busca rigorosa do paradeiro; um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional; criar no bairro de Acari um espaço de memória; reparação financeira; além de elaborar um estudo sobre a atuação de milícias e grupos de extermínio no estado.
Relembre o caso
Em 26 de julho de 1990, um grupo de extermínio que atua na favela de Acari sequestrou os jovens Wallace Souza do Nascimento, Hedio Nascimento, Luiz Henrique da Silva Euzébio, Viviane Rocha da Silva, Cristiane Leite de Souza, Moisés dos Santos Cruz, Edson de Souza Costa, Luiz Carlos Vasconcellos de Deus, Hoodson Silva de Oliveira, Rosana de Souza Santos e Antonio Carlos da Silva.
Os criminosos, que se identificavam como agentes da polícia, chegaram a pedir dinheiro para liberar os meninos, mas nenhum retornou para o convívio com suas famílias. Sete deles eram menores de idade. O paradeiro e os corpos nunca foram encontrados.
Serviço
35 anos da Chacina de Acari
Data: sábado (26)
Horário: a partir das 9h
Local: Espaço Cultural Mães de Acari na sede do Coletivo Fala Akari (Rua União 5c, Acari – Ao lado do Gigantão de Acari)
Programação
Roda de poesia com Deley do Acari
As mães lutam, a favela lembra: Chacina de Acari, rememorando a história
Estado condenado: o que está sendo feito na após sentença?
35 anos depois, Acari resiste: memória favelada denuncia quem fez da favela alvo do terrorismo de Estado
A potência da favela enfrenta o silêncio: aquelas que não se permitem calar
Mais informações no Instagram @coletivofalaakari