O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) defende uma punição exemplar para o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusado de conspirar contra o país e abandonar suas funções legislativas. “Ele pediu licença [do cargo] para conspirar contra o Brasil”, afirma, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. “Merece a sanção máxima, uma sanção dura”, opina.
De acordo com Silva, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem se ausentado do Congresso mesmo com a licença já vencida, e atua nos Estados Unidos em articulações com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros. “É inaceitável o que Eduardo Bolsonaro tem feito, conspirando contra o Brasil, articulando contra a economia brasileira, contra os empregos do Brasil”, diz. “O que ele faz é crime contra o Brasil, contra a soberania nacional”, classifica.
O deputado do PL pediu licença do mandato em março deste ano e foi morar nos EUA, sob a alegação de perseguição política. A licença terminou no domingo (20), e ele já disse que não vai renunciar. O parlamentar é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por incitar Trump a adotar medidas contra o governo brasileiro e o STF em decorrência da ação penal da trama golpista, que tem o seu pai como um dos réus. O PT acionou a Corte na última terça-feira (22) para impedir que Eduardo seja nomeado para cargos comissionados em governos, uma manobra que permitiria a manutenção do seu mandato mesmo longe do país.
Na avaliação de Orlando Silva, “Trump desrespeita o Brasil” ao promover uma “guerra aberta” contra o país, com ataques diplomáticos e econômicos, e os bolsonaristas assumem o lado do presidente estadunidense. “Donald Trump e Jair Bolsonaro são farinha do mesmo saco. Eduardo Bolsonaro é funcionário de Trump hoje”, critica.
“Lugar de criminoso é na cadeia”
Para Silva, o episódio mostra que os bolsonaristas “são falsos patriotas”. “No primeiro embate entre o interesse do Brasil e o dos Estados Unidos, eles ficaram com os EUA. Inclusive fazendo chantagem: dizendo que para suspender tarifa tem que ter anistia. Não tem que ter anistia. Lugar de criminoso é na cadeia”, declara.
O parlamentar afirma que a tentativa de golpe articulada por Bolsonaro e seus aliados, réus no STF, configura um “crime continuado” e exige uma resposta firme das instituições. “É um escândalo cogitar anistia para um crime tão grave. […] O crime é a tentativa porque, quando há um golpe, quebra-se a ordem. Se tivesse sido bem-sucedido, nós não estaríamos aqui conversando”, alerta. “Temos que afastar, de modo inequívoco, qualquer debate sobre anistia”, reforça.
Para o deputado, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), agiu corretamente ao barrar sessões durante o recesso parlamentar, que seriam usadas pelo PL para promover Jair Bolsonaro. “A Câmara dos Deputados não é lugar para fazer chacrinha, muito menos apologia de criminoso. Foi correto proibir esse desrespeito à democracia e ao povo brasileiro”, considera.
Bolsonaristas estão “desnorteados”
Silva também vê impacto direto das decisões do STF, como a restrição da aparição de Bolsonaro nas redes sociais. “Essa gente vive de fake news e discurso de ódio. Sem isso, ficaram desnorteados”, avalia.
Sobre a denúncia contra o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), por calúnia e difamação, Silva acredita que há respaldo legal para torná-lo inelegível. “A Justiça já reconhece o abuso no uso das redes como motivo de cassação. Ele corre riscos, sim”, aponta. A Justiça Eleitoral mineira acolheu a denúncia nesta sexta-feira (25).
O parlamentar pede que o Congresso seja firme diante de parlamentares que defendem uma intervenção militar. “Isso fere o decoro. Juramos cumprir a Constituição. Quem defende golpe não pode estar impune no Parlamento”, observa.
Segundo ele, os deputados progressistas devem seguir mobilizados dentro e fora do Congresso. “Temos que estar na tribuna e nas ruas, lado a lado com o povo, defendendo a soberania nacional, a democracia e os direitos humanos”, clama.
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