Para o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, a queda na desaprovação do governo Lula (PT) é reflexo da defesa dos interesses nacionais diante dos ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A partir disso, até mesmo setores conservadores passaram a enxergar o governo como defensor da economia brasileira.
“O setor produtivo, pessoas que sempre foram contra a esquerda perceberam que o PT está muito mais a favor do Brasil. Ficou mais do que evidente que o PT, independentemente de ser esquerda, defende muito mais os setores produtivos, exportadores, do que a família Bolsonaro, que hoje atua contra a produção brasileira”, afirma.
Divulgada nesta quinta-feira (24), uma pesquisa do Ipespe revelou que 43% dos brasileiros aprovam o governo Lula, enquanto 51% o desaprovam. Na rodada anterior, realizada em maio, os índices eram de 40% de aprovação e 54% de desaprovação. Em dois meses, a diferença entre desaprovação e aprovação diminuiu de 14 para 8 pontos.
Defesa da soberania
Ramirez apoia o pedido do PT de cassação do mandato do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atuou junto a Donald Trump por sanções contra o Brasil. “Ele não age em nome dos interesses nacionais […], se encontra às instituições brasileiras, democráticas, contra a economia brasileira”, afirma. “É curioso que o Estado que mais sofrerá com as sanções do governo Donald Trump é São Paulo. […] Isso demonstra o absurdo que são as atividades da família Bolsonaro contra o Brasil”, diz.
O cientista político também celebra a entrada do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço imposto por Trump. Ele avalia que a medida é acertada e pode gerar resultados positivos. “Brics e União Europeia estão a favor do próprio governo brasileiro”, destaca. Apesar do prejuízo imediato, ele acredita que “a médio e longo prazo, o Brasil pode sair maior dessa situação do que está agora”.
Bolsonaro fora das redes
Sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que proibiu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de se manifestar nas redes sociais, inclusive de apoiadores, Ramirez diz que a medida se justifica pelo risco à democracia. “Se fosse qualquer outra situação de um criminoso comum, até entenderíamos que seria um excesso. Mas no caso de Bolsonaro, a situação é muito grave”, defende.
Para o cientista político, “não é um exagero o que o Alexandre Moraes está realizando. […] São atitudes preventivas”. Ele lembra que o ex-presidente “tentou o assassinato de Lula, então eleito presidente”, ao se referir ao plano ‘Punhal Verde Amarelo’, e declara que “o que o bolsonarismo defende é o fascismo”.
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