O início da semana foi marcado por ventos intensos e temporais que causaram diversos estragos no Rio Grande do Sul. De acordo com a Metsul Meteorologia, rajadas acima de 100 km/h, associadas à atuação de um ciclone extratropical na costa, provocaram quedas de árvores, postes, placas e destelhamentos em várias regiões, com impacto severo no fornecimento de energia elétrica.
Segundo boletim da Defesa Civil estadual, divulgado na tarde desta segunda-feira (28), cidades como Mostardas, Capivari do Sul, Imbé, Tramandaí, Osório, Cachoeira do Sul, Piratini, Capão da Canoa, Cerro Grande do Sul, Erechim, Rio Grande, Tavares e Turuçu relataram danos como alagamentos, desabamentos e interrupções no serviço de luz. Em Osório, por exemplo, uma placa caiu sobre a rede elétrica, enquanto em Imbé um poste atingiu a ponte Giuseppe Garibaldi.
Em Porto Alegre, o vento atingiu 106 km/h na zona sul durante a manhã desta segunda-feira, com relatos de queda de árvores e destelhamentos. No litoral, as rajadas superaram os 100 km/h.

De acordo com a CEEE Equatorial, responsável pela dsitribuição de energia elétrica em parte do estado, o pico do desabastecimento ocorreu por volta das 11h30, quando 393 mil clientes estavam sem luz, o que representa mais de um milhão de pessoas afetadas. As cidades com maior número de interrupções são Porto Alegre, Osório, Capão da Canoa e Viamão. No começo da tarde, o número havia caído para 346 mil unidades desligadas.
As equipes da CEEE seguem atuando em regime de alerta máximo para restabelecer o fornecimento, com prioridade para as áreas mais afetadas. A concessionária reforça a orientação para que a população mantenha distância de fios ou cabos caídos e reporte ocorrências pelos canais oficiais. Já a RGE, que cobre outra parte do território gaúcho, não divulgou balanço de ocorrências até o momento.

Previsão para os próximos dias
Conforme a Metsul, o pior da ventania já passou em Porto Alegre e no sul do estado, embora ainda possam ocorrer rajadas mais esporádicas até a madrugada de terça-feira (29), especialmente no Litoral Norte e na Serra. A partir de terça, o ciclone começa a se afastar, permitindo a entrada de ar seco e o retorno do sol em todas as regiões.
As temperaturas despencam com a entrada do ar frio. A madrugada de quarta-feira (30) deve registrar mínimas abaixo de 5 °C na maioria das regiões e negativas nos Campos de Cima da Serra, com geada generalizada. O frio persiste até quinta-feira, quando o calor volta a ganhar força na metade norte. Na sexta-feira (1º), o tempo volta a mudar com aumento de nuvens e chance de chuva nas regiões oeste e sul.
Em entrevista recente ao Brasil de Fato RS, o professor e climatologista Francisco Eliseu Aquino, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), afirmou que a mudança climática já governa os extremos no RS. Ele destacou que, com as características climáticas do estado, “todos os eventos meteorológicos tendem a se tornar mais frequentes e mais intensos nas próximas décadas”.
A MetSul Meteorologia não descarta a possiblidade de precipitação invernal (chuva congelada e/ou neve) na região de maior altitude dos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul e o Planalto Sul Catarinense entre o final desta segunda-feira e o começo da terça-feira.
*Com informações da Defesa Civil do RS e da Metsul Meteorologia.
