Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Brasil

Direitos humanos

Como a crise climática reforça a exclusão de pessoas LGBTQIA+

Para quem já vive em vulnerabilidade, os desastres ambientais reforçam barreiras ao acesso a direitos

29.jul.2025 às 17h26
Jess Carvalho
|Diadorim
Crise climática e comunidade LGBT+

A crise climática não afeta a todos da mesma forma - Joédson Alves/Agência Brasil

Carla Santos da Silva, 44, foi uma das vítimas das enchentes em Porto Alegre, em maio de 2024. Quando o bairro Floresta, onde vive, ficou submerso, ela passou quatro dias trancada em casa. “As águas do Guaíba alcançaram 1,30m no térreo e cerca de 1,70m na rua. Faltava luz e água no prédio. Só consegui sair com ajuda dos bombeiros”, relata.

Foram mais de 20 dias de angústia até conseguir voltar. Na primeira semana, ficou na casa de uma amiga na Zona Norte; depois, mudou-se para o apartamento de outra amiga, na Cidade Baixa. Durante esse período, deixou de trabalhar. “Vivo da prostituição, e isso eu não podia fazer”, comenta.

Quando soube que o Abrigo Renascer estava acolhendo a população LGBTQIA+, não hesitou em buscar ajuda. “Fui até lá preencher o cadastro dos auxílios emergenciais e pegar cestas básicas e roupas. Saí de casa só com a roupa do corpo e meus documentos”, conta.

O vereador Dani Morethson (PSDB-RS), de Porto Alegre, foi um dos responsáveis pela organização do abrigo. Segundo ele, cerca de 80 pessoas passaram pelo local, muitas vindas de abrigos onde sofreram discriminação. “Recebemos relatos de hostilidade e recusa do uso do nome social. Algumas pessoas nem sequer conseguiram entrar em certos abrigos”, afirma.

No outro extremo do país, em 2022, a cientista social Samantha Vallentine prestou apoio a pessoas LGBTQIA+ nas enchentes que atingiram o Recife. Quando o rio Capibaribe transbordou, a casa dela virou um ponto de distribuição de doações.

A mobilização de Vallentine foi fundamental para estruturar uma rede de assistência emergencial na região da Várzea, onde vive. Ao organizar reuniões e coordenar a entrega de cestas básicas, colchões e materiais de higiene, tornou-se referência na comunidade. Hoje, é presidenta da Natrape (Nova Associação de Pessoas Trans e Travestis de Pernambuco).

Durante a crise, ela e outras travestis colocaram recursos próprios e trabalho à disposição da população, independentemente da identidade de gênero ou orientação sexual. “Montamos uma cozinha solidária para servir café, almoço e janta. Várias travestis desceram para organizar as entregas. Nós, que sempre fomos marginalizadas e negadas de direitos básicos, ajudamos toda a população.”

O Rio Grande do Sul foi atingido por uma enchente histórica em maio de 2024, que provocou danos em quase todos os municípios
O Rio Grande do Sul foi atingido por uma enchente histórica em maio de 2024, que provocou danos em quase todos os municípios | Bruno Peres/Agência Brasil

Rotas periféricas

O estudante Nicolas Melo, 16, mora na Terra Firme, em Belém, e vive cotidianamente a precariedade da periferia. “As ruas alagam, não são asfaltadas, e a água vira lama, dificultando a passagem”, relata.

O transporte público, já precário, torna-se ainda mais caótico e inseguro com as enchentes. “Em dias de chuva, os ônibus lotam e o risco de violência aumenta muito”, pontua.

O multiartista e produtor cultural Dayo Caeu Mescouto, 25, também transmasculino e morador do bairro, compartilha da mesma realidade. Os alagamentos não apenas dificultam os deslocamentos, como também expõem corpos marginalizados como o seu a situações de risco. “A cada chuva, fica mais claro que as populações periféricas pagam um preço muito alto por viverem onde vivem”, desabafa.

Camila Gomide, gestora de Tecnologia, Dados e Produto da Red Dot Foundation Global, aponta que a falta de infraestrutura agrava os riscos de assédio e violência contra a população LGBTQIA+ em contextos de emergência climática.

Segundo levantamento feito pela fundação, 70% das pessoas entrevistadas disseram escolher o transporte com base em limitações financeiras, e a insegurança aumenta em ambientes sem controle, como os ônibus. “87% apontaram o transporte público como um dos principais fatores de insegurança. Em desastres climáticos, com menos opções de locomoção, a vulnerabilidade cresce. Além disso, 44% mencionaram a superlotação como um dos fatores mais preocupantes”, explica Gomide.

Durante eventos extremos, 60% das pessoas já sofreram algum tipo de assédio, e 45% relataram medo de perseguições verbais. Para 20%, a forma de se vestir impacta diretamente a sensação de segurança — evidenciando como a exclusão social também se expressa na vulnerabilidade física.

Gomide afirma que os dados não são casos isolados, mas reflexos de uma negligência sistêmica. “Esses desafios mostram a urgência de políticas públicas inclusivas. A população LGBTQIA+ sofre de forma desproporcional, pois vive em áreas de risco, onde infraestrutura falha e direitos básicos são negados.”

Vida nas margens

A crise climática não afeta a todos da mesma forma. Para quem já vive em vulnerabilidade — como pessoas trans, travestis e outras identidades LGBTQIA+ —, os desastres ambientais ampliam desigualdades e reforçam barreiras ao acesso a direitos.

Vitória Pinheiro, representante do Brasil na COP 26 e primeira pessoa trans a ocupar um posto como ponto focal de juventude da ONU na América Latina, destaca que essas comunidades costumam ser excluídas de abrigos e espaços de acolhimento. “Além disso, há uma enorme lacuna no reconhecimento institucional dessas vulnerabilidades: os dados são subnotificados e invisibilizados no debate climático global”, aponta.

Ela observa que faltam políticas públicas específicas. “Não há programas que considerem o impacto da crise climática sobre pessoas LGBT. Existem ações independentes, como a frente LGBT da COP 30, mas falta um esforço governamental estruturado.”

Essa exclusão aparece também na realidade de Pernambuco. Dados preliminares do Observatório Empregar, da Natrape, mostram que quase 80% da população trans e travesti do estado não acessa programas de assistência social, como o Bolsa Família.

Se já é difícil acessar assistência, a moradia digna está ainda mais distante. Vallentine lembra que, historicamente, pessoas pobres, racializadas e LGBTQIA+ são empurradas para as margens. “Ninguém quer viver à beira de um rio, sujeito a enchentes, ou numa encosta, sujeito a deslizamentos. Mas são os únicos lugares onde conseguimos construir nossas casas”, afirma.

Após as enchentes de 2022, a Natrape tentou articular com a Secretaria de Habitação do Recife uma política específica para a população LGBTQIA+, mas a proposta não avançou.

Enquanto isso, o programa ProMorar, do Ministério das Cidades, prevê R$ 2 bilhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para melhorias em infraestrutura em Recife. Vallentine alerta, no entanto, para a ausência de recorte LGBTQIA+ no projeto. “A gente vive o território e conhece o território”, destaca.

Para ela, qualquer projeto de transformação urbana precisa incluir ativamente quem mora nas periferias. Caso contrário, as soluções falham em atender as necessidades reais e acabam reproduzindo a exclusão. “Como diz a pesquisadora Letícia Nascimento, nós somos o outro do outro do outro. Vivemos à margem das margens”, conclui.

Conteúdo originalmente publicado em Diadorim
Tags: crise climáticaenchenteslgbtqia+
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Notícias relacionadas

Crimes de ódio

Feminicídios, injúrias raciais e violência contra LGBT+ crescem no Brasil, aponta Anuário de Segurança Pública

Inclusão

Plataforma conecta comunidade LGBT+ ao mercado de trabalho com cursos e vagas afirmativas

POR RESPEITO

Mais de 50 mil pessoas tomam as ruas de Porto Alegre na 18ª Parada de Luta LGBT+

Veja mais

De volta para casa

Carla Zambelli pode ser extraditada para cumprir pena no Brasil? Entenda os próximos passos

Proteção ambiental

Lula deve vetar trechos do PL do Licenciamento Ambiental, diz Marina Silva

Crise na direita

Prisão de Zambelli e racha no bolsonarismo acirram tensão entre política e Justiça, avalia especialista

Ação prática

Figuras públicas de Israel pedem ‘sanções paralisantes’ contra país por genocídio em Gaza

reta final

Após reunião com big techs, Alckmin afirma que tarifaço ‘também não é bom para os EUA’

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
  • Bem Viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevistas
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.