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MC NÃO É BANDIDO

Oruam foi preso por questionar o fratricídio nas favelas do Rio

Estado historicamente persegue, provoca, criminaliza, silencia e neutraliza os que ousam falar

29.jul.2025 às 09h04
Rio de Janeiro (RJ)
Guilherme Pimentel e Jackson Anastácio
Oruam foi preso por questionar o fratricídio nas favelas do Rio

Negro, jovem, favelado e funkeiro: Oruam é o alvo perfeito de um Estado ainda colonial - Reprodução/Instagram/@oruam)

Ao contrário do que muitos acham, Oruam foi preso não pelos seus erros, mas sim pelo que tem de melhor. A prisão de Oruam é simbólica. Acontece logo após ele lançar uma música em que critica duramente o sistema e denuncia a lógica da violência imposta pelo Estado e fomentada entre as favelas. A música? Rua Cercada por Divisão.

Antes mesmo do lançamento final, ocorrido após sua prisão, uma versão incompleta apenas com Oruam e Fubá já circulava com milhões de visualizações. A música bate de frente com o Estado de maneira firme e contundente. Depois, Poze completou a obra de forma magistral, denunciando que a violência nas favelas, mesmo quando não praticada diretamente por agentes públicos, é uma política de Estado: “as armas que aqui tem foi vocês que vendeu”.

Mas a principal contribuição da música é a capacidade de Oruam chamar a favela pra pensar sobre si mesma: “Por que nós tá se matando enquanto esses filhos da puta tão dormindo na mansão?” pergunta Oruam. Na sequência, Fubá encarna o jovem criminalizado, rejeitando a sua desumanização imposta pelo Estado, enquanto reflete e pensa sobre a vida, com suas angústias, revoltas, desejos e a sempre presente saudade dos amigos mortos e encarcerados.

É nessa perspectiva que Oruam questiona o fratricídio nas favelas e escancara uma verdade: a desunião e a violência entre o povo são peças-chave do sistema. “Esses filhos da puta tão rindo da nossa cara” canta Oruam. E Poze completa ao final da música: “É que eles comemora quando a favela chora, e eu só vou aceitar minha vitória quando o pobre parar de morrer”.

A rua cercada por divisão é pilar central do projeto de submissão do povo. Não é acaso que todas as facções e organizações criminosas que habitam as capas de jornais foram criadas em dependências do próprio Estado (prisões, quartéis, batalhões e palácios). Também não é à toa que o próprio Estado organiza o sistema penitenciário faccionando os presos, que ao entrar no sistema devem indicar qual é a “sua” facção a partir do local onde moram, como fizeram com Poze durante sua prisão. A política que facciona os presos é tão forte que novas facções surgem até mesmo nos espaços destinado aos “não faccionados”. Faccionar para dividir. Dividir pra dominar. Como sempre, desde a invasão europeia neste território que veio a se tornar o Brasil.

Essa divisão não é natural. É política de Estado. O mesmo Estado que fecha escolas e abre presídios, que estimula o consumismo e abastece as favelas com armas e drogas. Tudo pra manter o ciclo funcionando e a população entretida com sua própria destruição.

Enquanto isso, a indústria bélica lucra horrores, agentes públicos recebem seus gordos malotes e as elites mantém uma sociedade desigual, controlando o povo com uma “política criminal com derramamento de sangue”, como já denunciou o professor Nilo Batista, que figura com Benedita da Silva como os únicos ex-governadores do Rio vivos que não foram presos.

A polícia diz que Oruam se comunicava com membros de diferentes facções, mas não revelou o teor de suas comunicações. Lembremos que falar com um suspeitos não é crime. Aliás, foi por isso que ninguém foi preso por falar com os inúmeros governadores do Rio que acabaram atrás das grades. Do contrário, todos os políticos e grandes empresários da época deveriam ser presos também. Mas a criminalização do diálogo é seletiva e atinge apenas negros, pobres e favelados, como ocorre com toda essa política de segurança.

A depender do teor dessas conversas, a informação usada pela polícia contra Oruam pode inclusive inocentá-lo, comprovando apenas que ele é artista, e não bandido. Afinal, diálogos são possíveis quando não se tem rixas de vida ou morte. Oruam dialoga com todo mundo e, assim, pode ter força para defender o fim da violência entre jovens negros e periféricos.

Talvez seu “crime” seja não aceitar as divisões que cercam as ruas e promovem o fratricídio nas favelas. E isso assusta o sistema, que precisa do povo se matando entre si para manter uma meia dúzia de famílias bilionárias num país com milhões de famílias em situação de miséria.

Desnudando o sistema, sua voz prossegue: “Se botar na ponta do lápis, a caneta mata mais do que o fuzil.” Consciente ou não, ao apontar seus versos pra quem tem poder, Oruam evita criticar apenas os agentes da ponta, e mira nos palácios e aristocratas colonizadores que parasitam os poderes da república.

Combater a influência bélica nas relações nas favelas? Inaceitável para quem lucra com a guerra. Ao mandarem o papo reto pras quebradas e apontarem para o fim das guerras de facções, Oruam, Poze e Fubá mexem numa viga estrutural do sistema.

Negro, jovem, favelado e funkeiro. Oruam é o alvo perfeito de um Estado ainda colonial. O mesmo Estado que historicamente persegue, provoca, criminaliza, silencia e neutraliza os que ousam falar. E foi o que fizeram com ele na porta de sua casa no Joá. Provocaram até que ele se desesperasse com a perseguição e reagisse à sua maneira. Covardes, os políticos do governo do Rio se aproveitaram disso e construíram uma narrativa para que o próprio povo ficasse contra ele. Uma prática histórica.

O secretário que o difama na mídia é um político medíocre, incapaz de dar respostas às questões de segurança da população do Rio de Janeiro. Sua incompatibilidade com o interesse público o coloca em uma situação delicada: se for defrontado com seu próprio trabalho, será constrangido e desmoralizado. Por isso, precisa desviar o foco. Cria inimigos públicos para mascarar sua própria falência enquanto gestor da segurança. Na esteira do racismo, faz isso contra um jovem negro de favela.

A prisão de Oruam é uma farsa. Serve pra inflar o ego de agentes públicos fascistas, dar palco pra políticos covardes e, acima de tudo, tentar criminalizar a arte crítica que rompe com o faccionamento imposto por uma prática colonizadora.

Liberdade para Oruam é mais do que justiça para um artista. É um grito por unidade, por consciência, por fim às amarras que nos dividem. Mais do que isso, é o necessário debate do fim do fratricídio nas favelas.

Precisamos de Oruam, Poze, Fubá e todos os artistas da nova geração amadurecendo politicamente para que seus versos sejam cada vez mais potentes contra o sistema colonial e escravocrata que o capitalismo global reserva para o Brasil.

* Guilherme Pimentel é advogado e defensor de direitos humanos.

**Jackson Anastácio é assessor parlamentar e estudante de Ciências Jurídicas e Sociais.

***Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Editado por: Vivian Virissimo
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