Na tarde desta sexta-feira (1º), data que marca o início das cobranças de taxas de 50% sobre importações de produtos brasileiros nos Estados Unidos, acontecem manifestações em todo o Brasil. Os protestos defendem a soberania nacional e criticam a atitude do presidente estadunidense, Donald Trump, que justificou a sobretaxa por considerar que o Poder Judiciário brasileiro está “perseguindo” o ex-presidente Jair Bolsonaro. No Recife, o ato tem concentração marcada para as 15h30, na Praça do Derby.
O historiador e professor Paulo Rocha, atual presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Pernambuco, classifica como “absurdas” as medidas econômicas adotadas contra o Brasil. “Eles nos vendem mais do que compram de nós e têm um grande superávit nessa relação comercial. Então não faz sentido aplicarem essa taxa, como se o Brasil estivesse prejudicando a economia deles”. Rocha considera que este pode ser o início de um “ataque” com objetivos políticos. “Eles podem tentar sufocar o Brasil, como já fazem com Cuba, Venezuela e outros países”, alertou, em conversa com o Brasil de Fato.
O educador e dirigente sindical vê a tentativa, por parte dos Estados Unidos, de interferência nos assuntos políticos e judiciais brasileiros como uma prova de uso da economia para impor as vontades políticas de Donald Trump. “Ele disse que vai retirar as taxas se o Brasil encerrar os processos contra Bolsonaro. Isso não tem cabimento. Não podemos aceitar ser mandados por nenhum país estrangeiro e é por isso que vamos às ruas”, completa o presidente estadual da CUT.
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A vereadora Jô Cavalcanti (Psol), liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), endossa que “não podemos admitir que outros países se metam em assuntos da nossa política, especialmente sabendo que os Estados Unidos estão fazendo isso em conluio com Eduardo Bolsonaro”. Também vereadora do Recife, Cida Pedrosa (PCdoB) convocou apoiadores para se somarem ao ato. “Ao longo da história sofremos ataques e invasões, mas o povo sempre resistiu. Vencemos inimigos poderosos e seguiremos firmes”, publicou em suas redes sociais.
A deputada estadual Rosa Amorim (PT) disse ao Brasil de Fato que “ir às ruas é uma forma de dar uma resposta a Trump e ao imperialismo. O povo brasileiro está do lado da Justiça e não quer que o Brasil se curve à chantagem de Trump e da família Bolsonaro”. “Patriotismo de verdade é defender a soberania e um julgamento exemplar dos golpistas que ameaçaram a nossa democracia”, completa a parlamentar, que é também dirigente do Movimento Sem Terra (MST).
Algumas lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT) não se farão presentes na manifestação desta sexta-feira por estarem no Encontro Nacional do PT, que acontece ao longo do fim de semana, em Brasília (DF).
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Ao longo da semana outras duas manifestações com este caráter foram realizadas na capital pernambucana. Na tarde da terça-feira (29), militantes e ativistas se reuniram na sede do Sindicato dos Bancários, na Boa Vista, e realizaram caminhada. Na noite da quinta-feira (31), outro ato aconteceu no salão nobre da Faculdade de Direito do Recife (FDR/UFPE), reunindo algumas autoridades políticas e do judiciário pernambucano, ocasião em que foi divulgada uma carta pública em defesa das instituições republicanas.
A manifestação está sendo convocada por movimentos populares, sindicatos e partidos políticos contrários ao intervencionismo estrangeiro em assuntos nacionais. Estão somando forças organizações como o Movimento Sem Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e outras entidades da sociedade civil. Mais de 10 manifestações estão agendadas para esta sexta e sábado nos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Amazonas, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná.