Na noite deste sábado (2), a revolução de negros escravizados que deu origem a um país será retratada no palco do Solo Gens, no Recife Antigo. A peça Ayti, a montanha que assombra o mundo fará sua pré-estreia a partir das 19h30, resgatando as histórias do movimento que expulsou os franceses e fundou a nação haitiana. Os ingressos custam R$20 (meia) e R$40, à venda no local a partir das 18h30. O espaço Solo Gens fica na rua do Apolo, nº 170, próximo ao Teatro Apolo-Hermilo, no bairro do Recife.
O espetáculo – que usa a música, a poesia, a dança e a performance – é fruto de pesquisa histórica e artística de Marconi Bispo, idealizador e protagonista da obra. No palco, ele é acompanhado de Brunna Martins, Kadydja Erlen, Arthur Cannavarro, os músicos Thulio Xambá e Beto Xambá (ambos do Grupo Bongar), além do maestro e sacerdote de candomblé Kamai Freire, que desenvolve na Alemanha sua pesquisa em música e espiritualidade na revolução haitiana.
Marconi Bispo avalia que há um “imenso descompasso entre a importância da Revolução Haitiana e a atenção que lhe é dada no Brasil e no mundo”. Ele considera o processo revolucionário do Haiti como o “mais impactante da história, mais que a Revolução Francesa ou a Revolução Russa”, diz ele. “Mas segue invisibilizada”, critica Bispo. Ele propõe uma conexão entre o Haiti e o Recife a partir dos ecos das revoluções negras e abolicionistas do século 19.
A pesquisa em que Ayti é fundamentada foi tema de sua residência artística na cidade do Porto, em Portugal, com apoio da Circolando Cooperativa Cultural durante 2024. Marconi Bispo tem formação em artes cênicas pela UFPE e já atuou em mais de 45 montagens ao longo da carreira, desenvolvendo talentos como ator, bailarino, cantor, diretor, dramaturgo e bonequeiro. O artista, que em 2025 celebra 30 anos atuando nos palcos, está realizando a peça de forma independente. Durante a semana, entre 28 e 31 de julho, Bispo conduziu a oficina Um artista e suas espirais.
