Com ameaças ao ministro Alexandre de Moraes, ao presidente Lula e à soberania do Brasil, o pastor Silas Malafaia organizou, na tarde deste domingo (3), um ato em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, na avenida Paulista, em São Paulo. Sob o nome “Reaja Brasil”, a manifestação ocupou menos de dois quarteirões da via, na altura do Museu de Arte de São Paulo, o MASP.
Participantes do evento levaram faixas que criticavam o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, bandeiras dos Estados Unidos e de Israel, e um batom inflável onde se lia a inscrição, “Anistia Já”. Os temas foram os mesmos em outras capitais.
Os deputados federais do PL, Nikolas Ferreira e Sóstenes Cavalcante, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), além de Silas Malafaia, foram os nomes de destaque do evento dos bolsonaristas, que não contou com a presença do ex-presidente Bolsonaro, que está proibido de sair de sua residência em Brasília aos finais de semana, por medidas cautelares aplicadas pelo STF.
Segundo Nikolas Ferreira, “Alexandre de Moraes é um violador de direitos humanos”. “Dia 8 de janeiro não foi golpe. Golpe é não ter Jair Bolsonaro nas urnas em 2026”, afirmou. E desafiou o ministro, dizendo que ele, “sem toga, não sobra nada” e quer vê-lo “atrás das grades”.
O deputado ainda fez um alerta aos presidentes do Legislativo brasileiro: “Presidente Hugo Motta, chegou a hora de dividir os meninos dos homens, não brinque com a vida dos presos. Paute a anistia, o resto nós vamos fazer. Senador Davi Alcolumbre, o senhor vai receber o 30º pedido de impeachment do Alexandre de Moraes”, afirmou.
Ameaças
Um dos bolsonaristas mais virulentos em seu discurso, o deputado federal Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara dos Deputados, disse que “Alexandre de Moraes tem as mãos sujas de sangue”. “Alexandre de Moraes, você vai pagar essa conta aqui na terra e lá na eternidade com Deus”, completou Cavalcante.
Para o deputado, caso Bolsonaro não participe das eleições presidenciais do próximo ano, “o Brasil terá guerra nas ruas”. “Não provoque os patriotas dessa nação”, completou.
O ato, que começou por volta das 14h, se encerrou pouco mais de duas horas depois, com falas do pastor Silas Malafaia, organizador do evento. Dados do Monitor do Debate Político do Cebrap indicam que o ato teve maior participação do que o ocorrido em junho, com cerca de 37 mil pessoas.
Sem citar nomes, o pastor criticou a ausência de Tarcísio de Freitas. “Cadê aqueles que dizem ser a opção a Bolsonaro? Era pra eles estarem aqui, o que fica provado é que Bolsonaro é insubstituível. Eu não sou trouxa, estão com medo do STF e arrumaram desculpa”, disse Malafaia.
Malafaia se disse contrário às tarifas dos Estados Unidos contra o Brasil e a aplicação da Lei Magnistky contra o ministro Alexandre de Moraes. E pediu que se vote a anistia para os bolsonaristas acusados de golpe de Estado pelos atos do 8 de janeiro e que o ex-presidente Jair Bolsonaro possa concorrer às eleições presidenciais. Caso contrário, afirmou, “o Brasil será réu confesso diante da opinião pública mundial”.
Ausências
Nenhum dos governadores bolsonaristas participou do ato em São Paulo. No último evento bolsonarista na capital paulista, oito mandatários estaduais marcaram presença ao lado do ex-presidente. Durante a semana, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que faria um procedimento médico e, por isso, não poderia participar do ato.
Tarcísio sofreu pressões de empresários paulistas depois de se posicionar a favor do tarifaço de 50% anunciado pelo presidente estadunidense, Donald Trump, contra o Brasil. Agora, Freitas tem buscado se afastar de bolsonaristas e enfrenta críticas de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, que se licenciou do cargo de deputado federal para influenciar autoridades estadunidenses a punir membros do judiciário brasileiro e sobretaxar exportações brasileiras.
Aliado de Freitas, o prefeito da capital, Ricardo Nunes, afirmou a jornalistas que participaria do ato por “achar que há exageros na atuação de Moraes”, mas não discursou no carro de som. Por outro lado, seu vice, Mello Araújo, fez uma fala rápida do evento.
Araújo afirmou que “a gente ainda pode falar. Nem todos têm essa liberdade. Os americanos tiveram que intervir, porque os senadores não fazem a lição de casa”.
Sul do Brasil
Em Santa Catarina, os atos em apoio a Jair Bolsonaro contaram com a participação de Carlos Bolsonaro (PL), vereador do Rio de Janeiro que cogita se candidatar a uma vaga catarinense para o Senado em 2026. Carlos esteve em Criciúma neste domingo. Não subiu no carro de som. Só caminhou com apoiadores do pai.
Em Santa Catarina, também houve atos de apoio a Bolsonaro na capital Florianópolis e em Balneário Camboriú –esta que é hoje um dos maiores redutor de direita.
No Paraná, um ato em Curitiba foi realizado no calçadão da rua XV de Novembro. O ato teve pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, relator dos processos contra Bolsonaro na Corte.
Um inflável levado ao ato lembrava uma frase do bilionário Elon Musk contra Moraes. “Democracia ou Moraes”, protestava, em inglês.
Já no Rio Grande do Sul, houve manifestações em Porto Alegre, no Parcão, com bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Sul e dos Estados Unidos. Presentes apoiavam as tarifas de 50% contra exportações brasileiras impostas pelo presidente Donald Trump.
Os deputados federais Luciano Zucco (PL-RS) e Marcel Van Hattem (Novo-RS) receberam faixas de apoio dos manifestantes na capital gaúcha.
“Estamos aqui para defender o presidente Bolsonaro, que infelizmente está impedido de falar. Eu junto com a bancada dos vereadores de Porto Alegre vou lutar para varrer o comunismo do Brasil. Viva Bolsonaro”, gritou o vereador de Porto Alegre Marcelo Ustra, primo do coronel e torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, que esteve no ato.
