O ex-ministro e ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva tomou posse neste domingo (3) do cargo de presidente do Partido dos Trabalhadores (PT). Em seu primeiro discurso no cargo, elencou aquelas que serão as prioridades de seu mandato, que termina em 2029.
Durante o 17º Encontro Nacional do PT, realizado em Brasília, Edinho reforçou que a eleição de 2026 será a mais importante da história do PT, já que tem a chance de consolidar um projeto de desenvolvimento nacional contra o projeto “facista” da oposição. Ratificou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será candidato à reeleição. Ressaltou, porém, que Lula deve liderar um programa construído coletivamente e que posicione o Brasil em temas estratégicos de diferentes aspectos.
“Queremos uma agricultura forte, uma pequena propriedade produtiva, uma indústria forte, um país que faça Reforma Agrária e Reforma Tributária da Renda, e que olhe para o empreendedor e para os que mais precisam”, listou. “Isso estará em disputa em 2026.”
Edinho foi eleito para presidência do PT por 73% dos militantes do partido. Vai substituir no cargo a agora ministra de Lula, Gleisi Hoffmann (PR-PR), a quem ele chamou de “a maior dirigente da história do PT” por seu trabalho enquanto Lula esteve preso e durante as últimas eleições presidenciais, vencidas por Lula.
Edinho disse que, nos próximos quatro anos, tentará manter contato constante com a militância petista em todo país. Prometeu concluir nos próximos meses viagens a todos os estados brasileiros para conversar com lideranças sobre os rumos da legenda
O novo presidente do PT adiantou, contudo, que tem ideias claras sobre temas que o partido precisa de engajar. Estão entre eles: a defesa dos Direitos Humanos, a luta pela educação integral, a defesa da saúde pública e universal, entre outros.
E afirmou que pretende manter contato estreito com sindicatos e centrais sindicais. Afirmou que o PT precisa se engajar na luta pelo fim da escala de trabalho 6×1 (seis dias de trabalho e um de descanso). “Isso vai definir quanto do tempo do trabalhador será ocupado pelo trabalho e quanto tempo será concedido para relações que eles queiram construir. Para o lazer, o estudo e o esporte. O PT tem que botar peso neste debate.”
Ele também falou sobre a busca pela tarifa zero no transporte coletivo. “20 milhões de pessoas não usam transporte público porque não têm condição de pagar”, disse.
O novo presidente do PT defendeu a construção de um projeto nacional para a exploração do petróleo na área da foz do Rio Amazonas, região chamada de Margem Equatorial. Apesar da crítica de ambientalistas sobre o assunto, Edinho disse que o petróleo existente na região é “riqueza do povo brasileiro para combater a igualdade”. Adiantou que parte dos recursos advindos de lá pode financiar, inclusive, o reflorestamento da Amazônia.
Edinho também disse que o Brasil precisa de um plano para exploração das chamadas terras raras, ricas em minerais estratégicos para indústrias de tecnologia. Segundo Edinho, os ataques do presidente dos EUA, Donald Trump, ao Brasil têm relação com terras raras. Ele defendeu que o país debate o assunto de forma soberana. “Não somos e não queremos ser um puxadinho dos EUA. Somos soberanos”, afirmou.
Ele também defendeu uma reforma eleitoral no Brasil. Disse que eleições parlamentares com votos em lista tendem a facilitar a discussão sobre o país e evitar que isso seja atrapalhado por interesses pessoais de parlamentares.
Por fim, Edinho pediu união ao PT. Disse que, com o fim da eleição interna, todos os adversários estão agora “do outro lado da trincheira”.
Para isso, cobrou intensa mobilização dos militantes. Segundo ele, reuniões nas bases, educação popular, conversas com a juventude é que constroem a base do partido. Destacou que existe justamente para organizar essas conversas com o povo. Admitiu que os debates nas redes sociais são importantes, mas afirmou: “ninguém faz luta de consciência de classe postando reels.”