O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve anunciar planos para ocupar totalmente a Palestina, informou o Canal 12, mídia local, nesta segunda-feira (04). Segundo o veículo, um oficial disse: “a decisão foi tomada… vamos ocupar a Faixa de Gaza”.
Oficiais do gabinete do premiê e autoridades de defesa realizarão uma reunião no gabinete nesta terça-feira (05) sobre um novo acordo de reféns. “O primeiro-ministro está considerando todas as opções disponíveis em relação aos próximos passos”, informou o jornal The Jerusalem Post. A decisão foi tomada após o enviado especial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Steve Witkoff, retornar aos EUA, após sua visita a Israel.
Os ministros das Finanças, Bezalel Smotrich, e da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, expressaram seu desejo de ver Israel assumir o controle militar de toda a Faixa de Gaza antes de finalmente restabelecer os assentamentos judaicos anteriormente despejados.
Uma possível ocupação foi duramente atacada pelo deputado Gilad Kariv, membro do Knesset Trabalhista. Ele a classificou de “ação destrutiva” e afirmou que seria uma “sentença de morte para os reféns vivos e um desastre de segurança, humanitário e diplomático”.
“O Governo da Desolação não tem legitimidade pública para essa ação, nem autoridade moral para transformar a guerra por pilhagem em uma guerra permanente. Exorto o Chefe do Estado-Maior a esclarecer sua posição sobre este assunto ao público e a estabelecer as regras caso o governo envolva as Forças de Defesa de Israel (IDF) nessa ação destrutiva”, denunciou, segundo a RT News.
O Ministério das Relações Exteriores da Palestina condenou os planos relatados e apelou à comunidade internacional para “intervir urgentemente para impedir sua implementação, sejam eles uma forma de pressão, balões de ensaio para avaliar reações internacionais ou genuinamente sérios”.
Na segunda-feira, o Ministério e Expatriados do Estado da Palestina divulgou um comunicado na plataforma X, pedindo ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que “assuma as suas responsabilidades” e imponha imediatamente um cessar-fogo aos “crimes de genocídio, deslocamento e anexação contra o povo palestino”.
A emissora catari Al Jazeera entrou em contato com o gabinete de Netanyahu, que não respondeu ao pedido de comentário.
Pressão internacional
Netanyahu está enfrentando crescente pressão internacional para permitir mais ajuda humanitária na Faixa de Gaza e interromper a guerra, em meio ao aumento de mortes de palestinos devido à desnutrição e aos ataques israelenses.
O grupo de resistência Hamas afirmou estar aberto a permitir que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) entregue ajuda humanitária aos prisioneiros israelenses detidos. A condição para isso é que Israel abra corredores humanitários e garanta, de forma segura, o amplo acesso da população aos suprimentos.
Em meio à catástrofe, no sábado (02), a Autoridade Nacional Palestina pediu à comunidade internacional que aumente a pressão política sobre Israel para liberar a entrada dos caminhões e evitar uma tragédia ainda maior entre os dois milhões de palestinos em Gaza.
Pelo menos 87 palestinos, incluindo 52 que buscavam ajuda, foram mortos e outros 644 ficaram feridos somente nas últimas 24 horas, informou o Ministério da Saúde de Gaza.