Na volta dos trabalhos do Congresso Nacional após o recesso, nesta terça-feira (5), o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) fez duras críticas à atuação da extrema direita. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, o parlamentar afirmou que a mobilização promovida pelo Partido Liberal (PL) em prol da anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em prisão domiciliar desde segunda (4), busca “criar um caos” para abrir caminho a uma nova tentativa de golpe, com apoio externo.
“Eles impediram o funcionamento do Congresso Nacional, assim como querem impedir também que o Supremo Tribunal Federal faça o julgamento daqueles que tentaram um golpe no país. Ou seja, eles estão fazendo uma interrupção do processo democrático brasileiro”, disse.
Para o parlamentar, a pressão da direita para votar o Projeto de Lei (PL) da Anistia, que pretende perdoar participantes do 8 de janeiro de 2023, não deve prosperar no Parlamento. “Não há um menor clima para isso ser votado aqui no Congresso Nacional, a não ser que houvesse um procedimento de ruptura institucional no Brasil e de um golpe que estaria sendo feito a partir, inclusive, da desmoralização do Supremo Tribunal Federal”, declarou.
Sobre as declarações do deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), que prometeu pautar a anistia caso assuma a presidência da Câmara, Correia minimizou. “É mais bravata dele em relação ao tema. Mas é fato, repito, que eles querem criar um caos no Brasil, social e econômico, para ter algum tipo de governo autoritário”, observou.
O deputado cobrou uma resposta firme dos atuais presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) respectivamente, diante da obstrução promovida por parlamentares bolsonaristas. “Se isso for agora a moda, possível de ser feito, acabou o Congresso Nacional do ponto de vista dos debates aqui democráticos. […] Este caso vai parar na Comissão de Ética, mas não para passar a mão na cabeça, para ter uma punição real.”
Trama com EUA
Correia afirmou ainda que setores da extrema direita articulam com interesses estrangeiros para desestabilizar o país, e associou essa movimentação à relação da família Bolsonaro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Recentemente, Trump anunciou tarifas contra produtos brasileiros e ameaçou ampliar retaliações pessoais a ministros do STF.
Para o deputado, trata-se de uma ofensiva coordenada para atacar a soberania nacional. “Agora se amarram também às pretensões do império americano, que tem objetivos claros em relação ao Brasil, querem submeter o Brasil aos interesses norte-americanos”, disse.
Segundo ele, o objetivo seria acessar recursos estratégicos como nióbio e lítio, por meio de uma “guerra híbrida” que enfraqueça o governo Lula (PT). “Eles declararam guerra ao Brasil, não é uma guerra tradicional, mas a chamada guerra híbrida, e apostam que vão desestabilizar o governo do presidente Lula, fortalecer a extrema direita e, a partir dela, ter expectativa de quebrar a soberania nacional”, nacional.
Diante disso, o deputado defendeu que o governo federal assuma o controle de empresas estratégicas ligadas à mineração, como a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig) e a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemge). “Que façamos uma grande empresa estratégica nacional, para que esta empresa veja como o Brasil vai, a partir do seu solo, produzir, estrategicamente, elementos que são importantes para o mundo”, apontou.
Veto ao PL da Devastação
Correia avalia que o presidente Lula deve vetar os principais pontos de projetos como o PL da Devastação e a liberação de R$ 30 bilhões para o agronegócio, o que pode acirrar ainda mais os embates entre o Executivo e o Legislativo. “Penso que o presidente Lula vai vetar a essência desses projetos, que nada têm a de bom para o nosso povo. E isso, com certeza, cria mais atritos. Por isso que a conjuntura é tão dinâmica e precisamos da presença do povo, dos movimentos sociais e populares nesse processo”, indicou.
Para ouvir e assistir
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