Nesta terça-feira (5), serão julgados dois policiais militares acusados de falso testemunho e fraude processual no caso Kathlen Romeu. O crime ocorreu em julho de 2021, no Complexo do Lins, zona norte do Rio de Janeiro. A designer foi morta com um tiro de fuzil quando estava grávida.
Um ato de amigos, familiares e movimentos de favela contra o genocídio da juventude negra antecede o julgamento dos policiais no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). Uma auditoria militar a partir das 13h vai decidir se os acusados alteraram a cena do crime e prestaram falso testemunho. Os dois agentes não respondem pela morte da jovem.
Ao Brasil de Fato, o advogado Rodrigo Mondego, que representa a família, afirmou que espera a condenação, pois há evidências materiais de que os agentes alteraram a cena do crime.
:: Quer receber notícias do Brasil de Fato RJ no seu WhatsApp? ::
“A gente aguarda que os policiais sejam condenados, tendo em vista que já está mais do que provado que os policiais mentiram e praticaram fraude processual. Tem um vídeo que mostra eles recolhendo as balas do crime, as balas dos tiros que eles deram no dia, para descaracterizar o local do crime. E um desses tiros acertou a Kathleen Romeu”, disse Mondego, da Comissão Popular de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio.
No total, cinco policiais militares estão envolvidos na ação que resultou na morte da Kathlen e seu bebê. Entre eles, dois respondem pelo homicídio em outro processo que corre em paralelo. Na última atualização do caso, a Justiça do Rio decidiu que Rodrigo Correia de Frias e Marcos Felipe da Silva Salviano irão a júri popular pelo homicídio. A expectativa é que o julgamento ocorra no final deste ano.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar, informou que, desde o fato, colabora integralmente com as solicitações do Judiciário sobre o caso.
Busca por justiça
No dia 8 de junho, quando o crime completou quatro anos, o pai da jovem, Luciano Gonçalves, compartilhou um texto em homenagem à filha nas redes sociais. O dia foi marcado por uma missa em memória de Kathlen e seu bebê. No relato, ele reafirma a busca por justiça ao lado de familiares de vítimas da violência do Estado.
“Meu amor, hoje a maior maneira de te honrar, te celebrar e te eternizar, foi me juntando a outras mães e marchando por justiça! Eu só queria chorar, mas você sussurra no meu ouvido e vou! Fui caminhar com aqueles que sabem o que é a dor de não ter um filho. Aquele que sabem o que Estado assassino faz!”, escreveu o pai da Kathlen.

Relembre o caso
Em 2021, uma ação de policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins, na zona norte, resultou na morte da jovem de 24 anos. A designer de interiores Kathlen Romeu estava grávida de quatro meses. De acordo com testemunhas ouvidas pela justiça, não havia confronto e os tiros partiram de policiais.
Ela foi atingida quando estava caminhando próximo à localidade conhecida como Beco da 14. Kathlen havia se mudado da comunidade um mês antes, justamente por temer a violência na região.