A Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal lançou, neste Agosto da Primeira Infância, a campanha “A primeira infância é para a vida toda” e apresentou dados inéditos sobre a percepção da população brasileira a respeito do tema. A pesquisa Panorama da Primeira Infância: o que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida, realizada em parceria com o Datafolha, entrevistou mais de duas mil pessoas em todas as regiões do país. O resultado acende um alerta: menos de 16% dos brasileiros reconhecem a primeira infância como a fase mais importante para o desenvolvimento humano.
“Não é valorizada da maneira que deveria ser”, afirma Paula Perim, diretora de Sensibilização da Sociedade da Fundação, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. Segundo ela, 42% dos entrevistados sequer sabiam o que significa o termo “primeira infância”. Mas o dado mais preocupante apareceu quando foi feita a pergunta sobre qual é a fase mais importante para o desenvolvimento das habilidades físicas, emocionais e intelectuais: “Mais de 84% não identificam os seis primeiros anos como a fase mais importante do desenvolvimento”, lamenta.
Mais de 40% acreditam que o desenvolvimento ocorre principalmente na vida adulta. Para Perim, esse dado está relacionado à percepção da fase adulta como período de independência e produtividade. “O que precisamos contar para as pessoas é relembrá-las de algo que elas sabem: […] em que momento da vida vamos dar um salto tão grande quanto esse de desenvolvimento?”, questiona. Ela explica que 90% das conexões cerebrais se formam até os seis anos. “A cada segundo, ela [a criança] está fazendo um milhão de conexões neurais. Em nenhuma outra fase da vida isso vai acontecer com essa intensidade”, garante.
A pesquisa também investigou como a sociedade entende a responsabilidade sobre o cuidado na infância. Para 54% dos entrevistados, a garantia dos direitos da criança deve ser compartilhada entre família, governo e sociedade, como prevê o artigo 227 da Constituição Federal. “A infância deve ser prioridade absoluta. É o único lugar na Constituição que tem essas duas palavras escritas juntas. Parece até uma redundância, mas é para reafirmar: criança é uma prioridade absoluta”, explica Perim.
Por outro lado, 45% entendem que o cuidado é responsabilidade apenas da família, com ou sem interferência do Estado. A divisão de opiniões varia conforme a escolaridade. “75% das pessoas com curso superior concordam com a corresponsabilidade; entre quem tem ensino fundamental, são 41%”, indica.
Para ouvir e assistir
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