A participação feminina nas empresas exportadoras brasileiras ainda é minoria. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), divulgados em março de 2025, somente 14,5% do total de 28.847 empresas exportadoras no Brasil têm maioria feminina, isso significa que só 4.170 exportadoras são comandadas por mulheres. Além disso, essas companhias são responsáveis apenas por 2% do total exportado pelo país.
Para mudar esse cenário, a ApexBrasil lançou em 2023 o Programa Mulheres e Negócios Internacionais (MNI), voltado a empreendedoras interessadas em acessar o mercado externo. A iniciativa promove capacitações, certificações e rodadas de negócio, além de incentivar o protagonismo feminino em negociações internacionais.
A diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Paula Repezza, conta que o programa busca aproximar empresas lideradas por mulheres de oportunidades comerciais no exterior. “O foco está nas micro e pequenas empresas, startups, empreendedoras rurais e cooperativas familiares de todos os setores de bens, serviços e agricultura do país, com uma atenção especial às regiões Norte e Nordeste”, afirma Repezza.
Desde 2023, foram realizadas 138 ações, sendo 17 específicas para empresas lideradas por mulheres e outras 121 ações com critérios de seleção que garantiram uma maior participação feminina. Nestes dois anos, foram realizados mais de 4.000 atendimentos e 2.132 empresas diretamente impactadas pelo Programa, sendo 60,2% delas de micro e pequeno porte.
“Quando mais mulheres participam desse processo, o círculo se torna ainda mais virtuoso, já que quanto maior a renda delas, maior o investimento em saúde e educação nas suas comunidades”, explica Repezza. “A participação de mais lideranças femininas na exportação representa um vetor valioso de desenvolvimento nacional”, complementa a diretora.
Atualmente, o programa conta com mais de 80 instituições parceiras e, uma de suas estratégias, é a articulação com redes que atuam pelo fortalecimento do empreendedorismo feminino.
Desde o início do MNI, a ApexBrasil firmou parcerias com organizações que oferecem formações, certificações e conexões estratégicas para apoiar empresárias brasileiras na entrada e expansão no mercado internacional.
Conexões femininas
Uma das organizações parceiras, a Rede Mulher Empreendedora, fundada por Ana Fontes, CEO da empresa, atua diretamente na capacitação de mulheres que desejam exportar. Com foco na educação, a rede oferece trilhas de formação que vão desde habilidades socioemocionais até mentorias e doações de recursos financeiros, as chamadas “microdoações”.
“Trabalhamos negociação, organização financeira, plano de divulgação, estrutura de compliance, entre outros temas. A preparação é fundamental para que essas mulheres entendam o potencial dos seus negócios e os mercados que podem acessar”, afirma Fontes.
A partir do programa RME Conecta, a rede qualifica empreendedoras para vender para grandes empresas e para o mercado internacional, com destaque para feiras e eventos que geram conexões estratégicas.
“Identificamos que, infelizmente, a cultura ainda espera que mulheres tenham negócios pequenos. Mas temos casos muito bacanas de empresárias que exportam tecnologia, produtos da Amazônia e até ossos artificiais para a área médica”, afirma a CEO.
Entre os destaques da rede estão: Andrea Carvalho, da Papel Semente, que exporta crachás plantáveis para diversos países; Fabiana Franceschi, da Nacional Ossos, com atuação em mais de 30 países, e Fernanda Stefani, da 100% Amazonas, que vende doces com sabores amazônicos no exterior.
Certificação e visibilidade global
Luciana Barella, head de mercado no Brasil em uma das organizações parceiras da ApexBrasil, explica que a instituição atua globalmente para ampliar o acesso de empresárias ao mercado internacional por meio de plataformas de conexão e certificação. Um dos principais selos oferecidos tem reconhecimento em diversos países e validade de três anos.
“Receber essa validação já proporciona à empresária uma visibilidade global. Ela pode usar o selo nas embalagens, nas redes sociais, no site e em cartões de visita. Além disso, passa a ter acesso exclusivo a eventos, as sessões com corporações e a outras oportunidades de conexão”, explica Barella.
Para obter a certificação, é necessário que ao menos 51% do quadro societário da empresa seja composto por mulheres com autonomia e poder de decisão.
No Brasil, cerca de 200 empresas já conquistaram esse selo. O país representa cerca de 30% das certificações emitidas pela organização no mundo.
A rede também oferece encontros presenciais e virtuais, capacitações em pitch de vendas, além de finanças, marketing e estratégias com inteligência artificial.
“Queremos quebrar o modelo tradicional de liderança masculina e apoiar as empresárias para que se preparem e conquistem espaço”, diz a head.
Entre os casos acompanhados pela equipe da organização parceira da ApexBrasil, se destaca a empresa Conté, que, após participar de ações de conexão internacional e certificação, passou a atender eventos na Europa e realizou uma ação dentro do parque da Disney, em Paris.
“Ela [empresa Conté] já atuava na América Latina e nos Estados Unidos, mas, com as conexões feitas, expandiu ainda mais o seu alcance”, celebra Barella.
Desafios ainda persistem
Barella aponta ainda a existência de obstáculos subjetivos, como o acesso restrito a redes estratégicas e a falta de confiança de investidores e compradores.
“Ainda existe o modelo predominante de liderança masculina. Falta acesso a capital, ambientes de inovação e tempo para se dedicar ao processo de exportação”, analisa Ana Fontes. “Muitas cuidam sozinhas da família, dos filhos, dos idosos… e ainda há a barreira do idioma”, pontua a CEO da Rede Mulher.
Luciana Barella acrescenta, no entanto, que grandes corporações começam a demonstrar maior interesse por negócios liderados por mulheres, impulsionadas por políticas de compras inclusivas. “O Banco do Brasil, por exemplo, lançou recentemente um selo para fornecedores de grupos sub-representados. E já temos empresas que participaram de eventos e fecharam contratos em menos de um mês, algo que geralmente leva anos”, relata.
Ecossistema de apoio
Para as lideranças das organizações ligadas à ApexBrasil, a parceria tem sido estratégica para ampliar o alcance das iniciativas e criar um ecossistema de apoio mais forte.
“Trabalhamos com critérios semelhantes aos das certificações internacionais com as quais a ApexBrasil também atua, o que facilita o intercâmbio entre as redes. Temos promovido webinars, eventos, catálogos e conferências em conjunto”, destaca Barella.
Ana Fontes reforça que esses programas ajudam a abrir portas, mostrar caminhos, educar e conectar essas mulheres. “São absolutamente fundamentais para que elas consigam crescer e desenvolver seus negócios.”
Nos últimos dois anos, cerca de 5.000 mulheres foram formadas pela RME em ações voltadas à exportação. A expectativa é que esse número cresça aproximadamente 30% até o fim de 2027, estima Ana Fontes.
[Conteúdo patrocinado pela ApexBrasil.]