A Arquidiocese da Paraíba anunciou nesta semana que o polêmico Frei Gilson fará um show gratuito em João Pessoa, na Orla do Cabo Branco, entre o Natal e o Ano Novo, em evento especial promovido com o apoio da prefeitura e da Arquidiocese da Paraíba. O anúncio foi feito pelo próprio arcebispo Dom Delson, em vídeo publicado nas redes sociais.
“Nosso povo está ansioso lhe esperando. Contamos com sua presença, sua mensagem, que tem chegado ao coração de tantas multidões”, afirmou o arcebispo. A apresentação acontecerá no Busto de Tamandaré, um dos principais pontos turísticos da cidade.
O evento é promovido como um ‘momento de evangelização’, mas vem provocando reações negativas por parte de movimentos sociais, organizações de mulheres, coletivos católicos progressistas e militantes de esquerda, que denunciam o histórico de declarações ultraconservadoras e misóginas do frei.
Quem é Frei Gilson: líder católico popular nas redes e símbolo da extrema direita religiosa
Frei Gilson, cujo nome completo é Gilson da Silva Pupo Azevedo, é um frade carmelita e líder do ministério Som do Monte. Com mais de 9 milhões de seguidores nas redes sociais e forte presença em plataformas de streaming, ele tem se tornado uma das vozes mais influentes do catolicismo conservador no Brasil.
Sua fama, no entanto, não se resume à música religiosa. O frei se consolidou como uma figura próxima da extrema direita, constantemente citado e promovido por veículos como a Brasil Paralelo e pelo próprio Jair Bolsonaro. Gilson também tem se envolvido em embates políticos e ideológicos, usando sua plataforma para disseminar discursos misóginos, anticomunistas e antifeministas.

Declarações polêmicas: misoginia, anticomunismo e a ‘missão da mulher’
Em diversas lives e pregações, Frei Gilson deixou clara sua visão patriarcal sobre o papel da mulher na sociedade. Um dos trechos mais criticados diz respeito à ideia de que a mulher foi criada apenas para ‘curar a solidão do homem’.
Em outra ocasião, declarou que o ‘empoderamento feminino’ é uma armadilha da ideologia moderna e que a mulher deveria aceitar o papel que ‘Deus deu ao homem’ como líder.
“Essa é uma fraqueza da mulher: ela sempre quer ter mais. ‘Eu não me contento só em ser, em ter qualidades normais de uma mulher. Eu quero mais’. E isso é a ideologia dos mundos atuais. Uma mulher que quer mais, vou até usar uma palavra que vocês já escutaram muito: empoderamento. É claro ver que Deus deu ao homem a liderança. Isso está na Bíblia. A guerra dos sexos é ideologia pura. Para curar a solidão do homem, Deus fez você [mulher]. Deus faz uma promessa para Adão: eu vou fazer alguém para ser sua auxiliar. Aqui você já começa a entender a missão de uma mulher. Ela nasceu para auxiliar o homem”, disse o líder religioso nas redes sociais.
Além disso, o frei usou a internet para defender a tese conspiratória de que o Brasil estaria sob ameaça comunista. Na live de Brasília (julho de 2021), chegou a pedir à ‘Rainha de Nazaré’: “não permitais, senhor e rainha de Nazaré, que os erros da Rússia venham a assolar o Brasil, como bem afirmou Nossa Senhora em Fátima”, reforçando uma retórica própria da Guerra Fria, presente no bolsonarismo e na ultradireita cristã.