No último mês foi divulgado que cerca de um milhão de famílias deixaram o Programa Bolsa Família por suas rendas terem aumentado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento (MDS). Com isso, o Bolsa Família atingiu o menor índice desde março de 2023, data em que o programa voltou a ter este nome, chegando a 19,6%.
Em Minas Gerais, no entanto, apesar do número de famílias inscritas no programa do Bolsa Família também ter diminuído, um dado alarmante tem chamado a atenção do povo mineiro. Segundo dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), cerca de 31.676 famílias vivem em situação de rua hoje no estado.
Os dados disponíveis no site do Ministério do Desenvolvimento mostram ainda que, em 2019, primeiro ano do governo de Romeu Zema (Novo), o número de famílias em situação de rua era de 14.276. Portanto, o número de famílias em situação de rua aumentou 121,87% desde o início da sua gestão.
A deputada Bella Gonçalves (Psol) denuncia a situação. “A fome e a pobreza não são fruto do acaso, não são uma fatalidade. São escolhas políticas. Faltam equipamentos públicos para lidar com esta população na maior parte de seus municípios, faltam estratégias e também orçamento. São escolhas. Zema escolhe com quem falhar, e não tem sido com os ricos”, declara.
:: Leia: Enquanto lutamos por Minas Sem Miséria, Zema deixa R$ 3,4 mi de mineiros com fome ::
Para André Dias, coordenador do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais (OBPopRua/POLOS-UFMG), faltam políticas públicas estruturantes voltadas especificamente para essa população historicamente vulnerabilizada, como moradia, trabalho e educação.
Minas registra 31 mil famílias em situação de rua, mesmo com 1,2 milhão de imóveis desocupados
Minas Gerais ocupa a segunda colocação entre os estados com maior déficit habitacional do país. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação João Pinheiro (FJP), 556 mil famílias carecem de moradia. No entanto, cerca de 1,2 milhão de imóveis estão desocupados no estado.
Se somadas as moradias com inadequações como ausência de banheiro, piso inadequado, falta de serviços de saneamento, abastecimento de água e energia elétrica, o déficit habitacional no estado chega a 1,5 milhão de famílias.
:: Leia também: Entenda porquê MG tem um dos maiores déficits habitacionais do Brasil ::
Para o deputado federal Patrus Ananias (PT), em entrevista ao programa Visões Populares, podcast do Brasil de Fato MG, “as riquezas nacionais devem ter como objetivo primeiro possibilitar que o povo brasileiro tenha acesso a uma vida digna, tenha acesso aos direitos fundamentais: educação pública de qualidade, saúde, trabalho digno, salários decentes”, defende.