O vídeo de quase 50 minutos em que o youtuber Felipe Bressanim, mais conhecido como Felca, publicou sobre a exploração de crianças e adolescentes nas redes sociais já ultrapassou 26 milhões de visualizações desde que foi publicado no Youtube, no dia 6 de agosto.
Felca denuncia que conteúdos de menores, gerenciados por responsáveis ou terceiros, são sexualizados e explorados por redes de pedofilia, sem qualquer punição por parte das plataformas digitais.
Após a publicação do vídeo, o assunto chegou ao Congresso Nacional. O presidente da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou em seu perfil no X que irá pautar o assunto nesta semana.
“O vídeo do Felca sobre a adultização das crianças chocou e mobilizou milhões de brasileiros. Esse é um tema urgente, que toca no coração da nossa sociedade. Na Câmara, há uma série de projetos importantes sobre o assunto. Nesta semana, vamos pautar e enfrentar essa discussão. Obrigado, Felca. Conte com a Câmara para avançar na defesa das crianças”, escreveu o presidente.
Entenda
Um dos nomes citados no vídeo é de Hytalo Santos, influenciador paraibano com 20 milhões de seguidores, acusado de exploração infantil, corrupção e aliciamento de menores pelo Ministério Público da Paraíba. Ele foi responsável por uma espécie de reality show, em que expunha crianças e adolescentes na internet em ambientes sexualizados e com álcool.
Uma das participantes mais conhecidas da “Turma do Hytalo” é Kamylinha Santos, de 17 anos, mas que desde os 12 anos aparece nos vídeos do influenciador. Em um dos vídeos, por exemplo, a jovem aparece com poucas vestes rebolando no colo de outro menor de idade, sendo aplaudida por adultos.
O caso é alvo de um inquérito policial e uma investigação pelo Ministério Público do Trabalho da 13ª região, que apuram possível exploração de menores e violação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Hytalo nega as acusações. A mãe de Kamylinha, Francisca Maria Lira, também se posicionou a favor do influenciador. “Estou com você até o fim. Podem falar o que quiser, ninguém sabe da vida de ninguém, só sabem o que a gente posta. E Deus, principalmente: se Ele deu o que deu a vocês, é porque Deus permitiu”, escreveu em suas redes sociais.
Outro caso levantado pelo youtuber é o de Caroliny Dreher, cujo conteúdo na internet seria produzido e publicado pelos pais. Segundo Felca, o conteúdo passou a ser divulgado quando Dreher tinha 11 anos. Para atender aos pedidos dos seguidores, incluindo integrantes de redes de pedofilia, os responsáveis teriam começado a publicar conteúdos mais sensuais.
“A criança deveria estar brincando, não se expondo. Mas aos poucos foi se escalando de cada vez mais inocente para culminar no ponto de se tornar absolutamente criminoso. É uma das coisas mais asquerosas e corrompidas que eu já vi na minha vida”, diz Felca ao falar sobre o caso que também está sendo investigado pelas autoridades. A reportagem não localizou os responsáveis por Caroliny Dreher. O espaço está aberto para posicionamentos.
O youtuber, no entanto, não responsabiliza apenas os cuidadores das crianças e dos adolescentes, mas também as próprias redes sociais, que não têm controle sobre os conteúdos nem punem os responsáveis. “As redes deveriam sinalizar esse tipo de conteúdo e não monetizando. Banindo, punindo e não colocando no caldeirão de sopa dos recomendados”, diz.