Um surto de Acinetobacter baumannii, bactéria resistente a diversos antibióticos, levou ao fechamento temporário da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH), no Vale do Sinos, Região Metropolitana de Porto Alegre. A decisão foi tomada no dia 4 de agosto, após reunião entre o Controle de Infecção, a Coordenação Técnica da UTI e a direção do hospital.
Segundo a instituição, nos dias 11 e 15 de julho a UTI recebeu pacientes já portadores dessa bactéria e que se encontravam com medidas de precaução instaladas. O primeiro caso de transmissão cruzada dentro do setor ocorreu em 16 de julho, e o segundo, em 22 de julho. “Após comunicação aos coordenadores da UTI, medidas de contenção foram intensificadas, com diminuição do fluxo de pessoas e reforço das precauções de contato”, informou o hospital.
Em nota, a Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), mantenedora do hospital, afirmou que “tomou as devidas providências tão logo identificou a bactéria Acinetobacter na área da UTI Adulto do Hospital Municipal, informando oficialmente os órgãos competentes de fiscalização sanitária, tanto do município quanto do estado, garantindo a transparência e a adoção das medidas regulatórias necessárias”. A FSNH acrescentou que o monitoramento foi feito em conjunto pela Direção Técnica, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) e demais setores envolvidos, com ações de contenção imediata.

O bloqueio da UTI exigiu a transferência de sete pacientes para a Unidade NeuroVascular (Sala Amarela), que foi esvaziada para manter cuidados intensivos. “Todos permanecem em medidas de bloqueio epidemiológico, com alerta de precaução de contato”, reforça a direção. Cirurgias cardíacas eletivas foram suspensas temporariamente, e pacientes que necessitam de terapia intensiva estão sendo atendidos na Sala Laranja da Emergência.
A evacuação temporária é necessária para permitir “limpeza e desinfecção terminal completa do ambiente, quebrando a cadeia de transmissão”. O processo inclui higienização do teto ao piso, limpeza de paredes, equipamentos e cortinas, além de exames para verificar a colonização da pele dos pacientes expostos.
De acordo com o hospital, a Acinetobacter baumannii pode sobreviver por longos períodos em superfícies e equipamentos, resistindo a muitos antimicrobianos. “A permanência de pacientes durante o processo aumenta o risco de novas infecções graves e potencialmente fatais, especialmente em pessoas criticamente enfermas”, alerta a nota técnica. A FSNH ressalta ainda que a bactéria “não é transmitida pelo ar e, portanto, não expõe os demais pacientes em outros ambientes”.
A previsão é de que a reabertura da UTI seja avaliada junto à Vigilância Sanitária Municipal na próxima semana, “tão logo toda a higienização seja concluída”.

O que é a Acinetobacter baumannii
A Acinetobacter baumannii é uma bactéria Gram-negativa e oportunista que se tornou um dos maiores desafios em ambientes hospitalares, especialmente em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Conhecida por sua elevada resistência a múltiplos antibióticos, incluindo os carbapenêmico, é classificada como uma superbactéria, o que dificulta significativamente o tratamento.
Riscos e características
Esse microrganismo pode causar infecções graves no trato respiratório (como pneumonias severas), urinário, corrente sanguínea (bacteremia) e feridas. Os pacientes mais vulneráveis são imunocomprometidos, portadores de doenças crônicas ou que utilizam dispositivos invasivos, como cateteres e ventiladores mecânicos. Sua capacidade de sobreviver por longos períodos em superfícies e equipamentos hospitalares contribui para a persistência e a disseminação, aumentando o risco de surtos e infecções cruzadas.
Como ocorre a transmissão
A transmissão é, em geral, por contato indireto. Profissionais de saúde que não higienizam corretamente as mãos após tocar pacientes infectados ou superfícies contaminadas podem se tornar vetores. Equipamentos como bombas de infusão, monitores, ventiladores e grades de leito também podem abrigar a bactéria. Não há transmissão pelo ar.
Tratamento e prevenção
O tratamento exige a escolha de antibióticos com base em testes de sensibilidade de cada cepa. Nos casos de multirresistência recorrem-se a medicamentos de última linha e acompanhamento especializado em infectologia. Para prevenir a disseminação são essenciais medidas rigorosas de controle, como higiene das mãos, limpeza e desinfecção ambiental e isolamento de pacientes infectados.
Abaixo a nota completa da Fundação
A Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH) esclarece que tomou as devidas providências tão logo identificou a bactéria Acinetobacter na área da UTI Adulto do Hospital Municipal, informando oficialmente os órgãos competentes de fiscalização sanitária, tanto do município quanto do Estado, garantindo a transparência e a adoção das medidas regulatórias necessárias. A partir do monitoramento conjunto realizado pela Direção Técnica, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) e demais setores envolvidos, foram adotadas ações de contenção imediata. Os pacientes foram realocados em outras unidades que comportam suas necessidades de tratamento intensivo e estão recebendo todos os tratamentos disponíveis e assistências. Cabe ressaltar que a bactéria não é transmitida pelo ar e, portanto, não expõe os demais pacientes em outros ambientes.