O economista Newton Marques defende que o governo federal, no plano de contingência que deve ser divulgado nesta terça-feira (12), dê soluções rápidas aos setores afetados pelo aumento de 50% nas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, o especialista afirma que é preciso garantir crédito, benefícios tributários e alternativas de exportação para evitar demissões e o fechamento de empresas no país.
“Os exportadores que foram afetados com essa relação têm que ter algum tipo de compensação. […] Tem que dar uma solução, pelo menos parcial, para esses exportadores. Caso contrário, nós teremos uma demissão muito grande e teremos empresas que fecham. O problema não é só fechar, o problema é que está dentro de uma cadeia produtiva”, destaca.
Marques avalia como positiva a tentativa do governo de buscar compradores entre aliados do Brics, como China e Rússia, mas pondera que “não é fácil” redirecionar exportações diante da concorrência com outros países. Ele também aponta que parte da produção poderia ser absorvida pelo mercado interno, o que poderia reduzir preços, mas alerta que essa adaptação dependeria da capacidade de consumo e de ajustes industriais.
Sobre a inflação, o economista diz que o impacto do tarifaço ainda não apareceu no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,26% em julho. Para os próximos meses, ele prevê “índices menores” devido à safra, ao dólar mais baixo e à desaceleração econômica.
Durante a entrevista, Marques também comentou a pesquisa do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) segundo a qual 49% dos brasileiros defende retaliar os EUA com novas tarifas, e 75% veem a medida como política. “Esse tarifaço é político. […] A questão da soberania está acima de qualquer coisa”, concorda, mas alerta que o Brasil deve ter cuidado, pois “importa muita coisa dos Estados Unidos” e um tarifaço recíproco encareceria produtos essenciais.
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