Dona Conceição e Thiago Ramil, nomes consolidados na música brasileira pela poesia, diversidade sonora e qualidade de suas produções, uniram suas artes em um novo projeto: o álbum “Gosto”. Nesta quinta-feira (14), às 20h, os artistas sobem ao palco do Teatro de Câmara Túlio Piva para apresentar o novo trabalho.
A dupla de artistas estará acompanhada por Bruno Coelho e James Oliveira (percussões), Bruno Vargas (baixo elétrico), Gabriel Gorski (guitarra) e Lucas Fê (bateria). O naipe de sopros será formado por Cleômenes Junior (sax alto e flauta transversa), Sabryna de Faria (trombone), Stefania Johnson (flauta transversa) e Tomás Piccinini (sax barítono, sax alto e flauta transversa).
Ao se referirem ao novo disco, ambos partem do mesmo lugar: do deslocamento, do afeto, da admiração e da amizade, que não vem de hoje. “Tem sido transformador para mim o encontro artístico com o John, pois sinto que essa aproximação está promovendo importantes deslocamentos e novos caminhos artísticos e composicionais. O resultado do álbum ‘Gosto’ é reflexo desse encontro que, acredito eu, desloca ambos de lugares anteriormente constituídos com seus trabalhos e respectivas linguagens”, afirma Ramil, autor de álbuns como “Leve Embora”, “EmFrente”, “O sol marca o andar o tempo e a imensidão do universo e Sereno Canto”.
Dona Conceição afirma que falar sobre “Gosto” é falar sobre encontro. “Um encontro que me atravessou profundamente, como artista, como pessoa, como corpo que sente, que ama, que deseja. Quando eu e Thiago Ramil nos aproximamos, já havia uma relação construída anteriormente com Gutcha, uma amiga que amo muito, que me trouxe seu irmão, o Thiago. Mas foi na construção desse disco com ele que percebi o quanto essa conexão poderia ser transformadora”, reflete o artista de sólida carreira também, com os discos “Asè de Fala” e “Amor e água”, um premiado documentário e muito reconhecimento no sul do Brasil.
Ambos vêm de trajetórias combativas em seus respectivos trabalhos, empunhando ideias de liberdade, se posicionando contra os preconceitos, o racismo e outras lutas sociais, subjetivas ou do dia-a-dia. A partir do tema da canção Insistir em acreditar, assinada por ambos e que diz em sua letra “eu vou insistir em acreditar que o amor é bem maior do que o horror, apesar de sentir sua dor. Eu vou insistir em acreditar que o prazer é bem maior do que o sofrer, apesar do meu peito arder”, a ideia do álbum ‘Gosto’ começou a reverberar.
“Por isso penso que o tema do disco não deixa de ser uma escolha política também, mas ela aponta para uma direção menos combativa e mais prazerosa, como uma ode ao amor e ao prazer. É preciso se reencontrar com as amorosidades, depois de tempos tão turbulentos e difíceis que vivenciamos recentemente”, afirma Ramil.
Segundo Dona Conceição, “Gosto” veio como uma resposta diferente, não menos política, mas voltada para outro caminho: o do prazer, o do amor, o do afeto. “Quando escrevemos juntos ‘Insistir em acreditar’, era como se estivéssemos nos dizendo: vamos trilhar esse caminho com coragem, mesmo que o peito ainda arda. Tematizar o prazer, o amor, os gostos, tudo isso num momento em que tanta dor nos atravessa, é também uma escolha política. Não vamos deixar que o mundo roube de nós o direito de amar, de gozar, de sentir bonito. Gosto é um disco que se deita no prazer, que se banha na ternura, e que convida quem ouve a lembrar que amar também é lutar.”
De acordo com os artistas, o processo de criação contém referências musicais distintas e práticas instrumentais que se encaixam e se complementam, além de farto conhecimento sobre música e sobre a alma humana. “Acho que conseguimos construir um disco que não é nem só meu, nem só do Ramil, é um novo corpo que nasceu desse encontro, com cara, voz e cheiros próprios”, completa Dona Conceição.
