Nesta segunda-feira (18), o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, se reuniu com Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, e sete líderes europeus para discutir o possível fim do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, iniciado em 2022. Para o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) Gilberto Maringoni, a paz entre as duas nações é um caminho possível. “Mas os líderes europeus querem a guerra”, diz.
“Eu acredito que se caminha bastante para a paz, mas coloco o seguinte: a União Europeia e a Ucrânia são atores subalternos em um jogo, agora, entre Estados Unidos e Rússia. Esse é o saldo momentâneo que a gente pode inferir da reunião”, pontuou Maringoni em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
Para o professor, os líderes europeus querem a continuidade da guerra. “No dia seguinte da reunião [entre Trump e Vladimir Putin] no Alasca, os mesmos líderes europeus assinaram um documento conjunto de hostilização à Rússia, dizendo que o país não cumpre acordos, quando quem não cumpre acordos são eles”, afirmou.
Para o professor, o aceno do governo americano ao fim da guerra entre Rússia e Ucrânia é uma estratégia de redirecionamento de forças. “Donald Trump pode ser truculento, violento, ele exerce o seu poder imperial de uma forma dura e crua, mas a sua política internacional é extremamente hábil. Por que ele está tentando negociar com a Rússia e terminar com a guerra de fato? Porque o inimigo principal é a China, e ele não quer dispersar forças”, afirma.
Maringoni considera também que Trump está querendo “tirar o pé do acelerador”, porque sabe o prejuízo que uma guerra impopular pode causar nos Estados Unidos. “O Trump não é um governante que está no auge da sua popularidade interna. Ele está num país em que as desigualdades sociais são crescentes, em que a política de tarifas começa a provocar inflação de alimentos, especialmente na carne, em itens que ele está bloqueando, em especial no Brasil, e em que ele precisa, de forma muito acelerada, deixar de lado ações que possam comprometer ainda mais a sua aceitação perante o grande público estadunidense.”
Durante a reunião entre os líderes na Casa Branca, nesta segunda-feira (18), o presidente dos Estados Unidos ligou para o Kremlin, em mais um aceno à paz. Para o professor, trata-se de uma resposta às tentativas de colocar a Rússia como “pária internacional” desde o início da guerra contra a Ucrânia. “Agora, o que aconteceu hoje: Trump criou essa reunião com os líderes europeus, que se acham o máximo no mundo, e para tudo para consultar Putin. Então, imagina só: o líder do país marginalizado, do pária, é o centro das atenções agora. É uma reversão total do que foi o quadro internacional montado nos últimos anos”, conclui.
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