O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, chamou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de “babaca”, “inexperiente” e “um estúpido de marca maior” em mensagens enviadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os diálogos foram extraídos do telefone de Bolsonaro, apreendido pela Polícia Federal (PF), em 18 de julho.

Malafaia criticava a forma como Eduardo conduziu a divulgação do tarifaço imposto por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Na avaliação do pastor, o filho do ex-presidente estava entregando ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma narrativa em defesa da soberania nacional. “Estou indignado! Não sei se vou ter paciência de ficar calado se esse idiota falar mais alguma asneira”, escreveu Malafaia.
Apesar da indignação, o pastor afirmou que não faria um vídeo público contra Eduardo “em consideração a Bolsonaro”. A revelação expõe fissuras internas entre lideranças da direita em torno da estratégia de enfrentamento ao governo Lula, em meio à crise gerada pelas sobretaxas estadunidenses sobre produtos brasileiros.
Os diálogos também confirmam que Jair e Silas ajustavam previamente as estratégias “ilícitas visando a coação no curso do processo e a obstrução à Justiça”, como escreve a PF no relatório. A troca de mensagens também explicita o desejo de “obtenção da anistia em troca do fim das sanções tarifárias”, como mostra o trecho de um áudio enviado pelo pastor.

A PF concluiu na sexta-feira (15) o inquérito que apura tentativa de obstrução de Justiça relacionada à trama golpista envolvendo Bolsonaro e aliados e remeteu ao STF. Nesta quarta-feira (20), Moraes autorizou a operação de busca e apreensão pedida pela PF e agentes apreenderam o celular de Malafaia no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, quando ele retornava de Portugal.
Na decisão, o ministro do STF também impôs as seguintes medidas cautelares: proibiu o pastor de trocar mensagens, ainda que por terceiros, com Jair e Eduardo Bolsonaro; e determinou o cancelamento do passaporte dele.