O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do governo na Câmara, protocolou nesta quinta-feira (21) uma representação criminal no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair, Michelle, Eduardo e Carlos Bolsonaro, por indícios de lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude processual.
O pedido de investigação tem como base informações do Relatório de Inteligência Financeira (RIF) elaborado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que indicam movimentações financeiras atípicas e incompatíveis com a renda declarada do ex-presidente.
De acordo com o relatório, Bolsonaro movimentou mais de R$ 30 milhões entre março de 2023 e fevereiro de 2024, além de repasses que ultrapassam R$ 22 milhões. Parte desses altos valores foi enviada para seus familiares.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu uma transferência de R$ 2 milhões. O deputado federal Eduardo Bolsonaro foi agraciado com R$ 2,1 milhões e à Carlos Bolsonaro, vereador no município do Rio de Janeiro, o ex-presidente repassou a quantia de R$ 4,8 milhões. As transferências foram apontadas na investigação como estratégias de blindagem patrimonial. De acordo com a PF, no caso específico do repasse a Michelle, visava driblar bloqueios judiciais.
“A conexão entre essas movimentações financeiras e a possível prática de lavagem de dinheiro decorre da aparente ocultação da verdadeira natureza e origem dos recursos”, sugere a representação.
O documento pede ao STF a quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático, bloqueio e sequestro de bens, perícia contábil e financeira, e eventual responsabilização penal dos envolvidos.
A representação indica ainda que, ao disponibilizarem suas contas bancárias em benefício dos esquemas financeiros, Michelle Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Carlos Bolsonaro figuram como possíveis coautores.
“Trata-se de um possível esquema familiar estruturado, com divisão de tarefas, para ocultar patrimônio e burlar a Justiça”, afirma a peça apresentada ao ministro Alexandre de Moraes.