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DEMOCRACIA

Debate sobre mídia independente celebra 40 anos do Jornal JÁ e aponta desafios do jornalismo no Brasil

Evento foi realizado na noite desta quinta-feira (21) na Associação Riograndense de Imprensa (ARI), em Porto Alegre

22.ago.2025 às 13h38
Porto Alegre (RS)
Fabiana Reinholz
Debate sobre mídia independente celebra 40 anos do Jornal JÁ e aponta desafios do jornalismo no Brasil

"O que falta na imprensa é liberdade. Esses pequenos jornais, esses pequenos projetos, têm uma importância vital porque garantem a diversidade e a pluralidade das opiniões", afirma Elmar Bones - Foto: Jorge Leão

Em um cenário de crescente concentração midiática e de desafios à pluralidade de informações no Brasil, o debate sobre a mídia independente ganha contornos de urgência e relevância. Na noite desta quinta-feira (21), o auditório da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), em Porto Alegre, sediou a celebração das quatro décadas de atuação do Jornal JÁ, um dos pilares do jornalismo independente gaúcho.

O encontro reuniu jornalistas de veículos como Brasil de Fato RS, Extraclasse, Matinal, Nonada e Sul21, que, em suas falas, não apenas rememoraram a trajetória do Jornal JÁ, mas também aprofundaram a discussão sobre o papel crucial da mídia independente na construção de uma sociedade mais democrática. O evento contou também com a presença de representantes de movimentos sociais, nomes da política como o ex-governador Olívio Dutra, o ex-prefeito de Porto Alegre, Raul Pont, o vereador Alexandre Bublitz (PT), jornalistas, colaboradores do jornal JÁ, entre outros.

Com experiência no jornalismo comercial, o diretor e proprietário do Jornal JÁ, Elmar Bones, destacou que encontrou nos veículos independentes o melhor espaço para praticar o que chama de “jornalismo ativo”. “É um jornalismo que parte do princípio de que o importante é a população, é a cidadania, e que o nosso trabalho é um serviço público. Nós, querendo ou não, somos uma espécie de funcionários públicos, porque prestamos um serviço essencial”, afirmou.

A necessidade de novos olhares

Bones criticou o cenário atual da imprensa no Brasil, marcado pela concentração dos grandes grupos e pela falta de diversidade. “O que falta na imprensa é liberdade. Esses pequenos jornais, esses pequenos projetos, têm uma importância vital porque garantem a diversidade e a pluralidade das opiniões. Se não fossem esses esforços, teríamos uma situação de discurso único, porque os grandes veículos hoje estão alinhados em uma espécie de discurso único”, completou. Para ele, diferentemente da grande imprensa, que por vezes se vê limitada em sua liberdade editorial, os veículos independentes são guardiões da “diversidade e pluralidade das opiniões”, elementos vitais para um ambiente democrático saudável.

Essa perspectiva foi reforçada pela editora-chefe do Brasil de Fato RS, Katia Marko, que caracterizou o jornalismo independente como uma “batalha cotidiana” pela construção de uma narrativa séria e relevante. Marko lembrou que o Brasil de Fato surgiu da demanda de movimentos sociais por uma plataforma que pudesse expressar suas visões de mundo, frequentemente marginalizadas ou criminalizadas pela grande mídia. “Na grande imprensa, os movimentos sociais são criminalizados, assim como a pobreza. É essa visão de quem busca justiça social que o Brasil de Fato traz desde o seu nascimento. Somos servidores de uma população que precisa ter onde ter voz”, disse.

Ela ressaltou ainda a necessidade de políticas públicas para o setor: “A Constituição prevê comunicação privada, pública e estatal. Dentro do conceito de comunicação pública está também a comunicação popular, mas ela nunca conseguiu se regulamentar porque a grande imprensa não deixa. Precisamos lutar juntos para construir uma comunicação pública no país”.

Marko participou recentemente de um projeto da Unesco em parceria com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), que realizou um mapeamento de mídias populares, periféricas e independentes em 15 estados brasileiros. No Rio Grande do Sul, a editora foi responsável pelo levantamento e identificou 98 mídias ativas. “Isso ainda é pouco, porque nós temos mais. Muitas mídias sobrevivem e resistem há décadas”, afirmou.

Entre os exemplos, ela citou a Rádio Ipanema Comunitária, no ar desde 1991, a Rádio Comunitária de Pelotas e a Rádio Terra Livre. Também destacou iniciativas como a Rádio Negritude, na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, “com uma linda programação, feita em sua maioria por apresentadores negros, trazendo a pauta da negritude”. Na Bom Jesus, lembrou da TV Bonja, produzida pelos jovens da comunidade. “É a comunicação independente/popular que vai conseguir, de alguma forma, dar uma nova vida ao sistema comunicacional no Brasil”, reforçou a editora.

“Querendo ou não, somos uma espécie de funcionários públicos, porque prestamos um serviço essencial”, afirmou Bones – Foto: Jorge Leão

Jornalista Cultural e diretor executivo do Nonada Jornalismo, Rafael Gloria, reforçou a importância histórica e ética de veículos como o Jornal JÁ. Ele destacou que esses projetos são fundamentais por “carregarem o espírito da coletividade, da ética, da independência, do interesse público”, princípios que, para ele, constituem as bases imutáveis do jornalismo, mesmo em face das transformações tecnológicas e sociais. A valorização da memória e do trabalho jornalístico engajado, portanto, torna-se um pilar para a continuidade e a relevância desses veículos.

“Nosso jornalismo também busca uma forma melhor de viver em comunidade. Defendo que o jornalismo seja cada vez mais colaborativo e que a gente pense em outras formas de organização, como editais e associações, para garantir sustentabilidade”, ressaltou.

Um oásis em meio ao deserto de notícias

Em sua fala Elmar Bones destacou a ausência de veículos de comunicação em mais de 2 mil municípios brasileiros, o que, segundo ele, ilustra a dimensão do “deserto de notícias” que afeta o país. “Essa carência informacional sublinha a urgência de fortalecer a mídia independente, pois ela é crucial para garantir que a informação, base da cidadania e da democracia, alcance todas as camadas da população.”

Apesar de sua relevância, a mídia independente opera em um ambiente repleto de desafios, sendo a sustentabilidade financeira o mais evidente. Gerente executiva do Matinal, Marcela Donini, pontuou sobre esse contexto ao descrever a atuação do veículo nos últimos cinco anos.

“O jornalismo independente é feito com seriedade porque outros jornalistas apostaram nesse valor, que é essencial. A gente não consegue trabalhar com propósito se não tiver liberdade. Mas a dificuldade financeira é enorme. Mesmo com foco em Porto Alegre, falta muito braço para dar conta de tanta história que tem para contar. A maior parte da nossa receita vem de leitores e leitoras, o que mostra o quanto as pessoas estão dispostas a investir nessa atividade e confiam no nosso trabalho”, relatou.

A editora do Sul21, Ana Ávila, reforçou a universalidade do desafio financeiro entre as pequenas redações independentes. Com 15 anos de trajetória, o Sul21, que evoluiu para um modelo de jornalismo colaborativo e em rede, opera sem apoio financeiro externo, dependendo exclusivamente do esforço de sua equipe e de captações próprias.

”O desafio maior é o financeiro. Estamos o tempo inteiro escolhendo quais pautas vamos conseguir dar visibilidade porque a demanda é muito maior do que conseguimos suprir. Isso fortalece a ideia do quanto é necessário que a gente exista, que permaneça discutindo a cidade e os grandes temas. Mas precisamos de estruturas sustentáveis financeiramente para remunerar adequadamente os profissionais e garantir independência”, explicou.

No mesmo sentido, a editora do Extraclasse, que completa 30 anos em 2026, Valéria Ochoa, detalhou as dificuldades em obter financiamento público e privado, bem como em sustentar um modelo de assinaturas em bancas e destacou que a aposta atual é a internet.

“O Extraclasse é a realização de um sindicato cidadão, o Sinpro/RS, que acredita que com jornalismo se constrói a consciência cidadã. Hoje temos cerca de 4 milhões de acessos por ano no site. A saída para que esse conteúdo chegue a mais pessoas tem sido a internet, mas também com dificuldades, porque nas redes sociais só com patrocínio conseguimos fugir um pouco da bolha”, avaliou.

O legado do Jornal JÁ

A trajetória do Jornal JÁ, embora pontuada por desafios e momentos de grande adversidade, é descrita por seu diretor, Elmar Bones, como vitoriosa, um testemunho de resiliência e compromisso inabalável com os princípios do jornalismo.

Um dos capítulos mais emblemáticos dessa história é o “Caso Rigotto”, ocorrido em 2001. Naquela ocasião, Bones publicou uma reportagem investigativa que denunciava um complexo esquema de fraudes na Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). A repercussão da matéria, que expôs um tema de grande interesse público e sensibilidade política, resultou em processos judiciais contra o jornal. Apesar de uma absolvição na esfera penal, o Jornal JÁ foi condenado a pagar uma indenização na esfera cível, o que, em última instância, levou à interrupção de sua edição impressa, existindo atualmente na internet.

Bones fez questão de ressaltar a vasta rede de colaboradores e figuras importantes que contribuíram para o jornal ao longo dos anos, transformando-o em um “repositório de ideias e informações” que, de outra forma, poderiam não ter encontrado espaço em veículos mais tradicionais.

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Uma nova comunicação possível

No encerramento do debate, Bones defendeu a necessidade de articulação entre os veículos independentes e de políticas públicas para garantir sua sobrevivência.

“É tentar articular esses nossos projetos de alguma maneira, para que possam desenvolver sinergia e reforçar o trabalho. O problema não é a qualidade, é a falta de meios”, afirmou. Para ele, o primeiro passo é promover discussões entre os veículos independentes, a fim de mobilizar o poder público a reconhecer essa produção.

Segundo Bones, a comunicação ainda é tratada pelos governos como um problema de marketing. “Quando o governo se comunica mal, contrata alguém de marketing. Isso não resolve a questão da comunicação do país. O problema do Brasil é o deserto de informação e o discurso único dos veículos dominantes. Só vamos encarar isso seriamente com políticas públicas que deem vez e reconhecimento aos pequenos veículos, que possam crescer e desenvolver seus projetos. Qualidade existe”, ressaltou.

Ele lembrou que o Rio Grande do Sul tem uma tradição de imprensa independente, citando pesquisa que apontou a existência de 70 jornais de língua portuguesa entre 1860 e 1876. Bones também recuperou a experiência da Coojornal, cooperativa de jornalistas que foi referência no país, mas que acabou destruída pela ditadura. “Chegaram a queimar documentos, arquivos, livros e fotografias da Coojornal. Simbolicamente, isso foi a queima da memória dessa experiência, que foi muito rica e inspirou a formação de 11 cooperativas no Brasil”, recordou.

Para o diretor do Jornal JÁ, hoje não seria viável recriar uma cooperativa de jornalistas nos mesmos moldes, mas ele lançou uma nova proposta: “Pensei em uma cooperativa de leitores, que pudesse financiar e criar um fundo para sustentar projetos jornalísticos. É uma ideia embrionária, mas que podemos amadurecer junto ao movimento cooperativista, que é muito forte no Rio Grande do Sul”, sugeriu.

Bones concluiu destacando que cabe ao poder público federal criar mecanismos para apoiar a mídia independente. “A ausência de veículos em metade dos municípios brasileiros é gravíssima. Compete ao governo federal pensar em formas de enfrentar essa realidade e fortalecer os projetos que já existem espalhados pelo país”, disse.

Editado por: Katia Marko
Tags: comunicação popularcomunicação públicadireito a comunicação e informação
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