A partir do meio-dia deste domingo (24), milhares de pernambucanos ligados às casas de candomblé, umbanda, quimbanda e jurema ou adeptos destas tradições religiosas se encontram no Marco Zero do Recife para realizarem a Marcha para Exú. Sob o lema Exú não é o diabo, o evento denuncia a intolerância e racismo religiosos e reafirma a importância desta divindade para as religiões de matriz africana. Esta é a primeira vez que o evento acontece na capital pernambucana.
Além da caminhada, o público que for ao Marco Zero poderá assistir apresentações musicais, de dança, falas de lideranças ialorixás, babalorixás, juremeiros e quimbandeiros, além da presença de bonecos gigantes. A escolha do nome em alusão à Marcha para Jesus, que reúne cristãos protestantes e católicos no mês de junho, não foi por acaso. Os organizadores buscam chamar atenção da população cristão para a intolerância religiosa contra os povos de terreiro. “Quando dizemos que Exú não é o diabo, reafirmamos nossa fé e queremos respeito às nossas religiões, atacadas pelo preconceito”, diz a nota enviada pelos organizadores.
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O artista e comunicador Maxwell Lobato afirma o papel da cultura e da arte no diálogo com a população. “É uma forma de espalhar conhecimento. E o conhecimento muda as pessoas, que por sua vez mudam o mundo. Essa marcha vai ficar marcada na história como um passo necessário para que o Estado laico seja respeitado e os direitos dos povos de terreiro sejam garantidos. Estamos enfrentando o racismo e o fascismo com nossas tecnologias ancestrais”, opina Lobato, que vai apresentar o evento deste domingo.
