Ao som dos maracás, dos cantos tradicionais e do hip hop e entre a experiência das lideranças e a alegria das crianças. Assim foi o Festival Povos Originários, encontro de culturas inédito realizado em Porto Alegre. O evento reuniu indígenas de dez etnias e também público não indígena, em um dia de música, rituais, debates, feira de artesanato e exposição fotográfica.
A primeira edição do festival marcou o Dia Internacional dos Povos Indígenas e teve como destaque artístico o rapper rapper Owerá, da Aldeia Krukutu, de São Paulo. Ao longo do dia 9 de agosto, o Parque Chico Mendes, na zona leste de Porto Alegre, se transformou em um território de encontro e resistência.
Confira a reportagem em vídeo:
O público acompanhou apresentações musicais, rituais, painéis de debate, feira de artesanato e as exposições fotográficas do indígena Vherá Xunu e do fotógrafo do Brasil de Fato Jorge Leão. Pela manhã, a programação foi centrada em debates sobre educação indígena e sobre resistência frente ao marco temporal.

Um dos painelistas foi o cacique Eloir Oliveira, ou Verá Xondaro, da Tekoa Nhe’engatu, retomada Guarani Mbyá em Viamão (RS). Ele ressaltou a realidade enfrentada pelas famílias da retomada, que correm o risco de perder grande parte do território devido a um projeto de lei do governo estadual que quer doar as terras que já estão em tratavivas de regularização.
O rapper guarani Owerá, conhecido por misturar hip hop com maracás e letras em portugês e Guarani Mbyá, encerrou o festival ao entardecer, com um show que celebrou a resistência e a identidade indígena.

Ao Brasil de Fato, Owerá contou que começou a escrever poesias em 2013, inspirado pelo pai que é escritor, e que suas canções refletem a vida e a luta dos povos indígenas. “Minhas músicas falam dos rios, da luta do povo indígena, da importância do meio ambiente. A arte é uma ferramenta, a música que eu faço, é muito importante para conscientizar a sociedade que não conhece o povo indígena. A música tem o poder de curar e levar essa mensagem necessária”, disse.
A curadora do festival, Mari Vieira, presidenta do Instituto de Difusão da Cena Cultural (IDCC), ressaltou que o festival foi pensado para ser feito por e para os indígenas. Descendente de indígenas, ela disse que o evento, realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, foi uma forma de promover dignidade, visibilidade e transformação social.
Participaram do evento representantes das etnias Aimará, Charrua Polidoro, Guarani Mbyá, Kaingang, Makuxi, Mapuche, Ona, Quéchua, Tehuelche e Tikuna.
Confira cobertura fotográfica:
















