Na última segunda-feira (25), famílias Kaingang oriundas de Farroupilha (RS) foram reprimidas pelo pelotão de choque da Brigada Militar enquanto comercializavam artesanatos ao lado da catedral de Canela, na Serra Gaúcha. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o indígena Silvério Ribeiro sendo brutalmente agredido com socos, chutes e joelhadas antes de ser algemado no chão por policiais.
O episódio, denunciado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi Regional Sul), expõe um histórico de violência e exclusão contra povos indígenas na região turística. Em nota pública, o Cimi afirmou que a ação foi “cruel e covarde” e questionou a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul sobre a função da Brigada Militar: “Seria missão dos brigadianos reprimir pessoas que comercializam seus produtos artesanais?”

Segundo a entidade, não é a primeira vez que indígenas são alvo de medidas repressivas em Canela. Fiscalizações da prefeitura já resultaram na apreensão de pertences e na expulsão de famílias que buscam sustento com a venda de artesanato. Apesar de recomendações do Ministério Público Federal (MPF) para garantir condições de acolhimento e comercialização, a intolerância persiste, denunciou o Cimi.
Para o conselho, o turismo na Serra, que se apresenta como “gastronômico e ecológico”, é também “elitista e racista”, ao não permitir a presença de povos originários em espaços públicos centrais da cidade. “Não há lugar para os Povos Indígenas, nem mesmo diante ou ao lado da catedral, que deveria ser espaço de acolhida e oração”, diz trecho da nota.

O Brasil de Fato RS solicitou esclarecimentos ao Estado-Maior da Brigada Militar e à Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP) e aguarda posicionamento oficial sobre a origem da ordem que levou à ação da Brigada Militar, bem como se a conduta dos policiais está em conformidade com os protocolos previstos para situações de comercialização em espaços públicos.