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PROFETISMO

Comissão Pastoral da Terra é homenageada na Câmara dos Deputados

Agentes da CPT, autoridades e deputados expressaram reconhecimento aos 50 anos da pastoral

28.ago.2025 às 17h44
Brasília (DF)
Marcos Antonio Corbari
Comissão Pastoral da Terra é homenageada na Câmara dos Deputados

Deputados, agentes de pastoral e lideranças de movimentos sociais participaram da sessão solene - Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados realizou sessão solene em homenagem aos 50 anos da Comissão Pastoral da Terra (CPT). O ato na última terça-feira (26) foi presidido pelo deputado Nilto Tatto (PT-SP) e contou com a presença de representantes da própria CPT, bem como de organizações e movimentos aliados.

“Celebrar meio século da CPT é mais do que lembrar datas ou biografias. É reconhecer a força de um projeto coletivo nascido da coragem de homens e mulheres comprometidos com a justiça, a dignidade e a liberdade dos povos do campo. É homenagear uma trajetória marcada por fé, militância e compromisso com os últimos”, afirmou Tatto.

A CPT surgiu em 1975, em plena ditadura militar como resposta e resistência ao avanço do latifúndio, a grilagem, a expulsão violenta de trabalhadores rurais e povos tradicionais de suas terras. Nas palavras de Tatto, a comissão “surge da indignação cristã diante das injustiças e da perseguição aos pobres, e, acima de tudo, nasce do evangelho da Teologia da Libertação, da opção preferencial pelos pobres e da prática das comunidades eclesiais de base”.

O deputado lembrou que a CPT não apenas acompanhou as lutas do povo do campo, ela esteve ao lado, caminhou junto, segurou a mão de quem apanhava, chorava, resistia e sonhava. “Com presença firme em acampamentos, assentamentos, aldeias indígenas, territórios quilombolas, seringais, beiras de rio e no meio da floresta, se fez ponte entre a fé e a luta, entre a espiritualidade e a política, entre o evangelho e a terra.”

Padre Severino destacou que o profetismo sempre fez parte da caminhada da CPT – Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

Profetismo daqueles que escolheram caminhar com os pobres do campo

Ronilson Costa, membro do Conselho da CPT, utilizou a tribuna da Câmara e relembrou do contexto do surgimento da comissão, em 1975: “Tempos difíceis para aqueles que viviam na cidade, para aqueles que lutavam por um mundo melhor, por um mundo mais justo, mas era também um momento muito difícil para aqueles que viviam no campo, abandonados, esquecidos, marginalizados, homens e mulheres, de comunidades tradicionais, povos indígenas, sem-terra, boia fria, tanta gente usada no trabalho escravo, tanta gente expulsa da terra, tanta gente perseguida, assassinada, porque havia um grande projeto de Estado que era de ocupar aqueles territórios que já eram ocupados por essas comunidades há décadas ou há século”.

Costa apontou que aquela realidade provocou os setores da igreja que haviam feito a sua opção pelos pobres, pelos excluídos e marginalizados, a criar a Comissão Pastoral da Terra. “Nós tomamos a decisão de que era esse lado que a gente queria caminhar, nessa margem do rio, era com esses povos, com essas comunidades de esquecidos e abandonados.” A partir dali, detalhou Costa, se assumiu o compromisso profético de caminhar junto, de estar presente na vida e na luta desses povos, ajudando a erguer suas vozes na luta por seus direitos.

Padre Severino Leite Diniz, conselheiro da CPT, fez um paralelo entre o que vivenciou na caminhada com a pastoral desde os tempos de seminarista, em São Paulo, até o encontro com o papa Francisco em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, de onde todos saíram com o compromisso de fortalecer a luta por terra, teto e trabalho. “Então, fazemos isso 24 horas, até quando estamos dormindo, estamos sonhando com terra, teto e trabalho, constituindo núcleos de luta por terra, teto e trabalho.”

“O que a CPT faz é transformar vidas ao longo desses anos todos de caminhada, é uma pastoral pequena para um trabalho gigantesco, mas através dos agentes de pastoral vem conseguindo articular para fazer chegar as políticas públicas do governo até a base”, expressou padre Severino. Para ele é preciso ainda exaltar o simbolismo das romarias da terra e a importância das marchas organizadas pelos trabalhadores e trabalhadoras na luta por terra. E firmou o reconhecimento que se há famílias assentadas da reforma agrária no Brasil hoje, é muito pelo protagonismo de luta da Comissão Pastoral da Terra, cujos agentes sustentaram a bandeira da reforma agrária em seus braços desde o dia da sua criação.

Alessandra Miranda de Souza, membro da Comissão Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), registrou a gratidão do bispo Dom José Eonilton Lisboa, presidente da CPT, assim também como de Dom José Valdeci Santos Mendes, presidente da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora.

“É uma honra ter o reconhecimento desta Casa, lugar de exercício pleno da democracia”, afirmou. “A CPT, ao longo desses 50 anos, acompanha esta Casa e faz incidência política de forma profética e qualificada, mas também junto ao Executivo e ao Judiciário. A missão da CPT passa pela ação pastoral dos direitos humanos e dos direitos da natureza. Com este objetivo, são centenas de lideranças organizadas no Brasil, na defesa de seus territórios”, explicou.

Souza lamentou o fato de a violência contra os povos tradicionais e originários da terra e das águas ainda alcançar índices gigantes e alarmantes. “Basta acompanhar os relatórios lançados todos os anos pela CPT. Conclamamos a cada um e a cada uma o posicionamento e a defesa dos trabalhadores no campo, que se sintam seguros, acolhidos e protegidos e na dignidade que é dada.” Ela evocou que o direito constitucional seja respeitado e que todos possam relembrar as palavras do papa Francisco quando desafiou a que se viabilize no mundo que nenhuma família esteja sem teto, nenhum camponês sem-terra e nenhum trabalhador sem direitos.

Frei Sérgio afirmou que CPT dá testemunho do Evangelho aos pobres do campo – Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

Pastoral foi berço para movimentos sociais

Ceres Hadich, representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) resumiu o meio século da CPT com as palavras dedicação, coragem e compromisso com a causa mais fundamental e justa de todas: a dignidade humana expressa na luta pelo direito à terra. “Celebrar a CPT é celebrar a coragem de quem ousou, enfrentando a ditadura militar, caminhar ao lado dos mais desprotegidos, os posseiros, os peões, os indígenas, os quilombolas e todos os trabalhadores e trabalhadoras rurais explorados pelo latifúndio”, registrou.

Para a dirigente sem terra, a história da CPT não pode ser contada sem reconhecer o seu papel fundamental como uma catalisadora da organização popular: “Foi nos encontros de base, nas comunidades eclesiais e sob a proteção de seus agentes pastorais, que a semente da resistência germinou e floresceu. E é impossível falar dessa trajetória sem destacar a relação umbilical entre a CPT e o MST”, contou Hadich, afirmando que o movimento é filho legítimo da caminhada da comissão. “Que o legado da CPT nos inspire a seguir semeando esperança, cultivando justiça e colhendo um futuro onde a terra seja um bem de todos e não um privilégio de poucos. Parabéns à Comissão Pastoral da Terra, parabéns a todos os movimentos do campo que mantém viva a chama da utopia.

Frei Sérgio Antônio Görgen, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), saudou a iniciativa do deputado Tatto, em requerer da Câmara a homenagem aos 50 anos da CPT. “A gente não precisa dizer muita coisa aqui, apenas reconhecer um trabalho heroico que foi desenvolvido por esses homens e mulheres, padres e irmãs, leigos e leigas, que ao longo desses 50 anos testemunharam o Evangelho de Jesus, defendendo os pobres do campo, testemunhando o Evangelho de Jesus na defesa das pessoas. Não um evangelho desencarnado para alívio de consciência, mas um evangelho que vive a busca da justiça, como Jesus viveu, como Maria viveu, como os apóstolos viveram.”

“Esse testemunho se deu aqui no Brasil com os pobres do campo, com a Pastoral da Terra. A gente tem que lembrar a coragem de Dom Pedro Casaldáliga, de Dom Orlando Dotti e de muitos outros que tomaram a iniciativa de criar esta pastoral, de dar proteção da hierarquia católica para que essa pastoral pudesse sustentar.” Görgen lembrou que a pastoral tem muitos e muitas mártires que morreram defendendo as suas causas, citando como exemplos padre Josimo e irmã Dorotti, assim como muitos leigos e leigas que foram assassinados também na defesa da terra, da justiça e da reforma agrária.

Marcon apontou diversidade de pautas que foram sendo incorporadas às lutas da CPT ao longo da caminhada – Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

Deputados reconhecem importância do trabalho da pastoral

O deputado Airton Faleiros (PT-PA) relembrou a trajetória da comissão nos momentos de conflitos, ressaltando que essa atuação evitou muitas mortes de camponeses e camponesas, ao custo, muitas vezes, do martírio dos próprios agentes da pastoral. Ele afirmou a capacidade de discernir entre o espaço de protagonismo relevante na interlocução institucional, mas sabendo de que a liderança da luta pela terra não era da própria pastoral, era um assessoramento para trabalhar historicamente o fortalecimento das organizações conduzidas pelos próprios trabalhadores sem terra, pelo sindicalismo e assim por diante.

O deputado Dionilso Marcon (PT-RS) relebrou o papel do padre Arnildo Fritzen e do bispo Dom Orlando Dotti, atuantes desde os primeiros anos da Comissão Pastoral da Terra, que ao mesmo tempo que pregavam a palavra de Deus ensinavam a importância da organização. “No início a gente nem entendia, mas foram eles que nos colocaram na peleia e na luta pela retomada da terra no Rio Grande do Sul.” Para ele está claro a importância da CPT no apoio, nas denúncias, na ajuda, na luta tanto pela terra quanto contra as barragens, em defesa do meio ambiente, das mulheres, dos indígenas e dos negros.

O deputado Padre João (PT-MG) fez uma saudação especial aos mártires da CPT, cuja relação de nomes foi aumentando ao longo de 50 anos. Ele reconheceu o trabalho de bispos e padres, que foram de fato verdadeiros pastores, não ficaram cuidando só de alma, cuidaram do ser humano, do sonho, do direito das pessoas. “Esses 50 anos são de fato um testemunho de fé, de amor, da luta pelos direitos humanos e pelo direito à terra. Nós somos todos herdeiros. Deus criou a terra para todas e todos”, afirmou.

O deputado Luís Carlos Haully (Podemos-PR), único parlamentar fora do espectro político de esquerda a se pronunciar, ocupou a tribuna e também deixou mensagem congratulando a CPT pelo seu jubileu: “Com muita satisfação, venho a esta tribuna para parabenizar os 50 anos da CPT, que nasce junto com outras pastorais, quando a igreja começou a fazer um trabalho mais amplo, um trabalho social que coincide com outros avanços no nosso país”.

O parlamentar reconheceu que o período do surgimento da CPT era um momento de muitas dificuldades e a seguir comentou sobre as conquistas que foram possíveis ser alcançadas em períodos mais recentes, entre outros pontos, citou a importância da agricultura de matriz familiar e a forma como esses trabalhadores e trabalhadoras do campo contribuem para o sustento do país e para as iniciativas de preservação do meio ambiente.

O deputado Nilton Tatto, como proponente da homenagem, disse ainda que “a CPT também ensina que é possível resistir com ternura, que é possível denunciar com poesia, que é possível plantar justiça com fé e colher dignidade com solidariedade”. Tatto enalteceu a todos e todas que fazem parte desses 50 anos de história, desde os agentes de pastorais, bispos, padres, irmãs, educadores e advogados, até os agricultores, indígenas, quilombolas, pescadores e tantos outros que dão a vida pela terra e por dignidade no campo.

Tatto reconheceu que a Câmara Federal muitas vezes é insensível ao grito da terra, mas que também abriga vozes que ecoam a luto do povo. “E hoje essas vozes se levantam em homenagem à CPT. Que essa homenagem não seja apenas simbólica, mas sirva para fortalecer o apoio institucional, político e material à CPT e as causas que ela representa. Que sirva para lembrar que sem justiça no campo não haverá paz na cidade. Que sirva para afirmar que outro Brasil é possível e que ele começa com a terra nas mãos de quem trabalha.”

Assista a íntegra da Sessão Solene em homenagem aos 50 anos da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no vídeo abaixo:

Editado por: Katia Marko
Tags: cptluta pela terramst
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