O secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, afirmou nesta quinta-feira (28) que a campanha contra a instrução normativa que previa fiscalização sobre transações do Pix favoreceu a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A medida havia sido publicada em setembro de 2024, com entrada em vigor prevista para janeiro deste ano, mas acabou revogada após pressão política e campanhas nas redes sociais.
A declaração ocorreu durante entrevista coletiva da Operação Carbono Oculto, que investiga empresas de combustíveis e instituições financeiras suspeitas de lavar recursos da facção.
Segundo Barreirinhas, a derrubada da norma foi resultado de uma onda de desinformação proliferada nas redes sociais. Na época, um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) ultrapassou 9 milhões de curtidas no Instagram e foi considerado o motor propulsor da campanha contra a medida.
De acordo com a Receita, a ausência de monitoramento permitiu a expansão da “bancarização do crime organizado”. A facção teria movimentado R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024 em mil estabelecimentos vinculados, valendo-se de fintechs e fundos de investimento para dificultar o rastreamento. Um dos principais alvos da operação é a fintech BK Bank, apontada como banco paralelo do PCC, que teria movimentado sozinha R$ 46 bilhões no período.
A superintendente da 8ª Região Fiscal, Maria Cecília Meng, afirmou que o crime organizado deixou para trás práticas como enterrar dinheiro e passou a aplicar recursos no mercado de capitais. Para ela, o desafio atual é rastrear os destinatários finais, já que as fintechs operam por meio de “contas bolsão”, sem identificação clara dos titulares.