A partir desta quinta-feira (28), passageiros que utilizam a Linha 7-Rubi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que liga Jundiaí à capital paulista, terão obrigatoriamente como ponto final a Estação Palmeiras-Barra Funda, na zona oeste da cidade. Com isso, o trajeto deixa de chegar até a Estação da Luz, na região central.
A mudança se dá em função do fim do Serviço 710, que desde 2021 integrava as linhas 7-Rubi e 10-Turquesa, permitindo viagens diretas entre Jundiaí e Rio Grande da Serra, sem necessidade de troca de trens. A medida obriga os passageiros a fazerem baldeação na Barra Funda, pelas plataformas cinco e seis. A CPTM afirma que a estação tem “maior capacidade para absorver o fluxo de passageiros”, citando a estrutura do terminal.
De acordo com o sindicato dos metroviários, até 200 mil usuários podem ser afetados diariamente pela mudança. A alteração coincide com o início da fase de transição da operação da Linha 7-Rubi, que agora está sob responsabilidade da concessionária TIC Trens. O contrato firmado entre a empresa e o governo estadual não prevê a continuidade da integração entre as duas linhas, e sequer menciona o antigo Serviço 710.
Criado em 2021, o serviço unificado foi anunciado pela CPTM como forma de agilizar os deslocamentos, ao evitar conexões e diminuir o tempo de espera entre os trens. A empresa chegou a comemorar, um ano depois, a redução nas baldeações para “centenas de milhares de pessoas todos os dias”. O serviço ligava 31 estações em 100 quilômetros de extensão de linhas.
A TIC Trens assumiu a operação com supervisão da CPTM na segunda-feira (25) e terá controle integral da linha a partir de 26 de novembro. O contrato firmado prevê 30 anos de concessão
‘Lucro acima das pessoas’
A mudança na operação tem sido amplamente criticada por usuários e foi duramente questionada por Camila Lisboa, presidenta do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, ela avalia que o fim do Serviço 710 e a fragmentação do sistema ferroviário têm como motivação central a lógica de mercado.
“Tudo isso está sendo causado por quê? Porque a empresa TIC Trens, assim como o Grupo CCR, ao assumir esse tipo de serviço, não está pensando na necessidade da população, está pensando no seu lucro”, afirmou.
Lisboa também alertou para os riscos de superlotação nas plataformas da Estação Barra Funda, que concentra linhas da CPTM e do metrô. A sindicalista lembrou ainda que o modelo de concessão já tem mostrado falhas como atrasos e falhas operacionais nas linhas privatizadas anteriormente.
“É lamentável que o governo Tarcísio priorize atender o lucro desses pequenos grupos que estão interessados em ficar bilionários com a concessão do transporte sobre trilhos, em detrimento da necessidade da população”, completou.
A reportagem do Brasil de Fato solicitou posicionamento da empresa, do Grupo CCR e do governo estadual, mas não obteve retorno até a publicação. O espaço segue aberto a manifestações.