No próximo 7 de setembro, o Brasil inteiro será novamente tomado pelo Grito dos Excluídos e Excluídas, que chega à sua 31ª edição com o lema: “A vida em primeiro lugar – Cuidar da Casa Comum e da democracia é luta de todo dia”.
Mais do que uma manifestação, o Grito é um processo de mobilização popular permanente, que denuncia a exclusão e anuncia alternativas de vida digna. Este ano, o Grito coloca no centro do debate dois grandes eixos que atravessam a realidade brasileira: o cuidado com a Casa Comum e a defesa da democracia e da soberania nacional.
Cuidar da Casa Comum
As mudanças climáticas e os desastres ambientais já não são ameaça distante: estão acontecendo agora, devastando comunidades, deixando famílias desabrigadas e ampliando desigualdades. O Grito ecoa a urgência de enfrentar a destruição ambiental, de proteger rios, florestas e cidades, e de colocar a vida acima do lucro.
Defender a democracia e a soberania
Nossa democracia segue ameaçada por forças golpistas e políticas de extrema direita que colocam em risco os direitos sociais, as liberdades individuais e a soberania do país. O Grito reafirma que democracia não é apenas um regime político: é participação, é voz para os silenciados, é o direito de decidir sobre o presente e o futuro do Brasil.
O Grito e o Plebiscito Popular
O 31º Grito dos Excluídos e Excluídas também vem mobilizando o povo para o Plebiscito Popular 2025, que levanta duas bandeiras fundamentais:
1. Redução da jornada de trabalho, sem corte de salário e fim da escala 6×1
Trabalhar menos horas não é utopia, é realidade em diversos países. Menos jornada significa mais saúde, mais tempo para a vida, mais empregos e uma economia mais justa.
2. Isenção até 5 mil reais e tributação progressiva a partir de 50 mil
Quem ganha pouco paga proporcionalmente muito imposto. Quem ganha muito paga menos. O plebiscito defende justiça tributária: aliviar os de baixo e cobrar mais de quem concentra riqueza, garantindo recursos para saúde, educação e moradia.
Uma breve memória
O Grito dos Excluídos nasceu no Brasil em 1995, fruto da 2ª Semana Social Brasileira, promovida pela CNBB em 1993 e 1994, e inspirado pela Campanha da Fraternidade de 1995: “Fraternidade e Excluídos”. O primeiro ato, em 7 de setembro de 1995, teve como lema “A vida em primeiro lugar” e ecoou em 170 localidades. Desde então, o Grito se consolidou como um marco popular de fé, denúncia e esperança.
Em 1999, o Grito atravessou fronteiras e se tornou continental, mobilizando 15 países da América Latina e Caribe. O lançamento simbólico ocorreu em Nova York, com a presença de lideranças como Adolfo Pérez Esquivel (Prêmio Nobel da Paz), Monsenhor Federico Pagura, Frei Betto, Gilmar Mauro e Luiz Bassegio.
Hoje, é uma rede viva de resistência e solidariedade que mantém firme a certeza: o Grito é um só, ainda que se manifeste em diferentes línguas, povos e culturas.
Um só Grito, muitas vozes
O Grito dos Excluídos e Excluídas é a voz coletiva que ressoa das periferias, dos campos, das comunidades tradicionais, dos povos indígenas, das mulheres, da juventude, dos migrantes, dos trabalhadores e trabalhadoras. É mística e profecia, cultura e mobilização, denúncia e anúncio.
No Rio Grande do Sul, o Grito também estará presente
Assim como em diversas cidades do Brasil, o povo gaúcho se soma a essa mobilização. Haverá atos, celebrações e manifestações em diferentes municípios, reunindo comunidades urbanas e rurais em torno da luta por paz, democracia, soberania, justiça social e cuidado com a Casa Comum.
Participe em sua localidade ou nas cidades próximas. Informe-se junto às paróquias, movimentos sociais, pastorais e organizações populares: onde houver exclusão, haverá também resistência e esperança ecoando no Grito dos Excluídos e Excluídas.
No 31º Grito, reafirmamos que cuidar da Casa Comum, defender a democracia e garantir a soberania não são tarefas ocasionais, mas lutas de todo dia. O Grito continua porque os excluídos continuam… E segue unindo corações, vozes e ecoando como um só Grito — por vida, por trabalho, por justiça e por liberdade.
*Luciane Udovic Bassegio é da coordenação do Grito dos Excluídos/as Continental.
**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.