A Rússia e a China assinaram mais de vinte documentos nas áreas de energia, tecnologia, ciência e saúde, durante a visita do presidente russo, Vladimir Putin, a Pequim, nesta terça-feira (2).
O principal dos tratados firmados foi entre a empresa petroleira russa Gazprom e a chinesa CNPC, que assinaram um “memorando juridicamente vinculativo” sobre a construção do gasoduto “Power of Siberia 2” (poder da Sibéria 2) para fornecer gás dos campos de Yamal à China. A informação foi confirmada pelo CEO da Gazprom, Alexey Miller.
Como parte do novo acordo, espera-se que os fornecimentos sejam realizados ao longo de 30 anos, com um volume de 50 bilhões de metros cúbicos por ano.
Além disso, as partes concordaram em aumentar o fornecimento pelo gasoduto de 38 para 44 bilhões de metros cúbicos por ano e de 10 para 12 bilhões de metros cúbicos por ano pela Rota Oriental.
O anúncio dos acordos firmados aconteceu após as negociações trilaterais entre delegações da Rússia, China e Mongólia, em Pequim.
A discussão sobre o lançamento do gasoduto “Poder da Sibéria 2”, que pode transformar a Rússia no maior fornecedor de gás da China, vem acontecendo há anos entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder chinês Xi Jinping.
O gasoduto vem dos campos de Yamal da russa Gazprom, passando pela Sibéria Ocidental e Mongólia até o nordeste da China.
A agenda na China representa a segunda grande viagem internacional de Vladimir Putin em menos de um mês. A viagem mais recente, de grande impacto, foi a cúpula do Alasca, em que o líder russo se reuniu com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir a resolução do conflito na Ucrânia. No entanto, as negociações sobre a guerra avançaram muito pouco.
Enquanto isso, Vladimir Putin aproveita para ganhar pontos diplomáticos, reforçando a parceria estratégica com Pequim e outros países aliados do Sul Global.
Comemoração dos 80 anos da vitória na Segunda Guerra Mundial
Nesta terça-feira (2), Putin agradeceu a Xi Jinping pela calorosa recepção, observando que as relações bilaterais estão em um nível sem precedentes. Ele garantiu ao líder da China que Moscou está pronta para manter a interação estratégica e expandir a cooperação comercial com Pequim.
Segundo ele, essas relações se baseiam na memória da fraternidade militar, na confiança, na assistência mútua e na firmeza na proteção de interesses comuns. Além disso, o presidente destacou o significado especial da celebração conjunta do aniversário da vitória na Segunda Guerra Mundial.
“Esta é uma homenagem ao feito de nossos povos, os povos da Rússia e da China durante a Segunda Guerra Mundial, a confirmação do papel fundamental de nossos países na conquista da vitória nos teatros de operações militares europeu e asiático, e a evidência de uma prontidão comum para defender a verdade e a justiça históricas. Nossos ancestrais, nossos pais e avós pagaram um preço enorme pela paz e pela liberdade. Não nos esquecemos disso, nós nos lembramos. Esta é a base, o fundamento de nossas conquistas hoje e no futuro”, afirmou.
O líder chinês, por sua vez, classificou os eventos cerimoniais ligados à vitória na Segunda Guerra Mundial como uma boa tradição. Ele observou que as relações entre Moscou e Pequim resistiram ao teste da conjuntura internacional e servem de modelo:
“China e Rússia devem criar projetos de cooperação exemplares e promover uma integração mais profunda de interesses. Devemos fortalecer a sustentabilidade da cooperação, fortalecer o entendimento mútuo e envidar esforços para manter e proteger a cooperação”, disse Xi Jinping.
O líder chinês também defendeu que dois países fortaleçam a cooperação em plataformas multilaterais como a ONU, a Organização para a Cooperação de Xangai, o Brics e o G20.
Putin realiza uma visita de quatro dias na China e realiza diversas reuniões bilaterais ao longo do dia. Na quarta-feira (3) ele estará presente como convidado principal nos eventos cerimoniais dedicados ao 80º aniversário da vitória sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial.