Mais de 14 milhões de eleitores da província de Buenos Aires – 37% do eleitorado nacional – podem votar neste domingo (7) nas eleições legislativas da província de Buenos Aires. A votação é o prelúdio para a eleição dos legisladores nacionais no domingo, 26 de outubro de 2025, e dada a situação atual do governo de Javier Milei, a eleição será um indicador do apoio eleitoral ao partido governista.
Outras províncias já realizaram suas eleições, e algumas as realizarão em 26 de outubro, paralelamente às eleições nacionais. Por se tratar de uma eleição provincial, cargos provinciais e municipais são eleitos, com Buenos Aires elegendo 23 senadores provinciais e 15 suplentes, 46 deputados provinciais e 28 suplentes e 15 representantes provinciais. Metade dos legisladores de cada uma das duas câmaras será eleita.
A província é a mais importante do país, tanto em termos de produção, economia e demografia e, eleitoralmente, é dividida em oito seções que determinam a distribuição dos legisladores e, portanto, quais cargos são eletivos. Por sua vez, cada município elege seus vereadores, e espera-se que sejam eleitos um total de 1.097 vereadores comunais regulares e 401 vereadores escolares regulares.
Segundo as pesquisas, a oposição peronista, agrupada dentro do Fuerza Patria (FP), tem ligeira vantagem de 2 a 3 pontos sobre os candidatos governistas da Alianza La Libertad Avanza (LLA). Milei esperava um bom resultado nas eleições legislativas locais por ter domado a inflação – às custas de medidas de austeridade que levaram mais da metade dos argentinos abaixo da linha da pobreza.
Mas escândalos de corrupção envolvendo Milei e sua irmã Karina podem minar seus planos. A trama foi revelada por meio da divulgação de uma série de gravações de áudio de uma pessoa muito próxima ao presidente. Se comprovada, a informação implicaria que os Milei estavam ficando com uma parte do dinheiro destinado à compra de medicamentos para pessoas com deficiência.
Além disso, a economia sofreu na última semana, o dólar se valorizou e o Índice de Risco-País, indicador desenvolvido pelo JP Morgan e utilizado como referência pela imprensa local para indicar o nível de confiança do mercado no desenvolvimento do programa econômico do governo, atingiu seu nível mais alto dos últimos cinco meses, fechando acima de 900 pontos-base no último dia útil antes das eleições.
Rosa Tarlovsky de Roisinblit
O final de semana foi marcado pela morte de uma liderança histórica das Avós da Praça de Maio na Argentina e defensora incansável dos direitos humanos. Rosa Tarlovsky de Roisinblit, histórica vice-presidente das , morreu neste sábado (6) aos 106 anos, informou a organização em comunicado.
“As Avós da Praça de Maio se despedem com tristeza da queridíssima companheira Rosa Tarlovsky de Roinsinblit, vice-presidente das Avós da Praça de Maio até 2021, quando, devido à sua idade avançada, passou a ser Presidente honorária da instituição”, comunicou a organização em sua página oficial.
Rosa nasceu em 1919 em Moises Ville, uma comunidade de imigrantes judeus no campo de Santa Fe, no centro-leste da Argentina, e era obstetra. Sua vida virou de cabeça para baixo durante a última ditadura militar argentina (1976-1983), quando sequestraram sua filha Patricia e seu genro, militantes da organização armada peronista Montoneros.
Ambos foram sequestrados em outubro de 1978 com a filha Mariana, de 15 meses, que foi devolvida à família e criada por Rosa.Mas Patricia estava grávida de 8 meses. Para o parto, ela foi levada ao centro de detenção clandestino da ESMA, onde, dias depois de dar à luz em um porão em condições desumanas, teve seu bebê levado.
Mais de 20 anos depois, em 2000, graças ao trabalho das Avós da Praça de Maio que ela mesma promoveu, Rosa pôde se reencontrar com seu neto, Guillermo Roisinblit, um dos 140 recuperados por sua organização.
“Para mim você é eterna”, escreveu sua neta Mariana nas redes sociais, junto com uma foto das duas olhando uma para a outra nos olhos e sorrindo. Os restos mortais de sua filha Patricia e seu genro jamais foram encontrados.
Segundo as Avós da Praça de Maio, ainda falta encontrar cerca de 300 netos nascidos em cativeiro ou sequestrados junto com seus pais.
*Com Telesur e AFP