Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

Artigo

Investir pode ser um ato político

Quando o dinheiro sustenta desigualdades ou fortalece alternativas

08.set.2025 às 14h44
São paulo (SP)
Cris Sturmer e Luis Costa

Você já parou para pensar o que acontece com o seu dinheiro quando ele não está em suas mãos?

Cada vez mais pessoas têm feito essa pergunta, questionando o papel do capital financeiro que, na maioria das vezes, atua de maneira que aprofunda as desigualdades em um país que é recordista mundial nesse critério. Segundo dados do, estudo realizado pela Anbima e Datafolha, em 2024 metade da população brasileira declarou viver sob alto estresse financeiro. Proporção semelhante da população (52%) declarou não possuir economias, enquanto cerca de 33 milhões de pessoas possuíam reservas, mas não investem.

Apesar do aumento do interesse por educação financeira e investimentos, tanto para a organização dos orçamentos quanto para a construção de reservas para o futuro, os dados do estudo mostram que 68% das pessoas que não investem também não acessam informações sobre o tema, revelando que, para boa parte da população, a participação nesse mercado permanece limitada e desigual.

No entanto, de forma hegemônica, são criadas narrativas sobre o mundo dos investimentos que escondem seus aspectos estruturais. A realidade é que grande parte da população brasileira não possui renda suficiente para cobrir as necessidades básicas, quanto mais para formar poupança e patrimônio. 

Ainda assim, 59 milhões de brasileiros e brasileiras investem em produtos financeiros. Os recursos aplicados, de uma forma ou de outra, sempre financiam algo ou alguém. Isso porque uma característica básica do capitalismo é o processo de centralização e concentração do capital.

Por isso, é importante dizer que toda aplicação sustenta algo: uma fábrica, um banco, um projeto de expansão de fronteira agrícola que desmata ou projetos que priorizam a sustentabilidade da vida e o combate às desigualdades.

Assim, investir nunca é um gesto neutro: cada escolha carrega impactos sociais, ambientais e políticos. Como todas as nossas escolhas dentro da atual configuração da sociedade, investir também é um ato político.

Investimento e política: tudo a ver

É fundamental reconhecer, antes de tudo, que o sistema financeiro é um elemento importante para a organização da vida econômica e social. Sua função seria permitir que os fluxos de recursos excedentes, de pequenos e grandes investidores, fossem direcionados dentro do ciclo econômico para locais de interesse. Essa seria a lógica natural, se nossa sociedade não fosse regida pelo conflito entre trabalho e capital, em que o capital e sua acumulação ditam as regras.

Por isso, é comum observarmos nas notícias de economia o anúncio da constituição de grandes conglomerados, fundos de investimento ou financiamentos públicos para projetos do capital que geram impactos negativos à vida e ao meio ambiente. No Brasil, em um cenário político-institucional dominado pelo agrohidronegócio e seus tentáculos em praticamente todos os setores da economia, os recursos oriundos de títulos, aplicações e, sobretudo, do orçamento público tendem a fluir, em volume e constância, para esse segmento.

Grande parte dos investimentos tradicionais financia o agronegócio que, entre outras ações, é um dos principais agentes de desmatamento. Esse financiamento se dá por meio da concessão de crédito feita pelos bancos comerciais com recursos captados no varejo, aplicados em produtos como CDBs e CDIs. Também ocorre via ativos mobiliários, como CRA e LCA. Recentemente, surgiram novas modalidades, como os Fundos de Investimento em Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro). Ou ainda por meio do crédito público via Pronaf, como apontou a reportagem do Samaúma (Exclusivo: como bancos e dinheiro público financiam o colapso da Amazônia – SUMAÚMA) sobre os créditos liberados na região de expansão da fronteira agrícola Amacro (Acre, Amazonas e Rondônia): “Entre janeiro de 2018 e agosto de 2024, 9 bilhões de reais foram emprestados para 24 mil cadastros ambientais rurais na Amacro, a fronteira agropecuária lançada por Bolsonaro. Parte do dinheiro foi parar nas mãos de envolvidos em desmatamento e suspeitos de financiar a tentativa de golpe de Estado”.

Em contrapartida, o financiamento para a agricultura familiar é ínfimo e de difícil acesso, justamente para quem mais necessita desses recursos para produzir alimentos saudáveis. Uma matéria de “O Joio e o Trigo” (Modelo econômico que privilegia o agronegócio empurra a população para a fome, dizem pesquisadores) mostra a disparidade no crédito subsidiado (com taxas equalizadas pelo governo federal) entre agronegócio (R$ 364,22 bilhões) e agricultura familiar (R$ 186,4 bilhões) no Plano Safra 2023/2024.

Fazendo um recorte específico sobre a agroecologia dentro da agricultura familiar, dados do Banco Central do Brasil (Matriz de Dados do Crédito Rural – Crédito Concedido ) mostram que, entre 2015 e o primeiro trimestre de 2017, foram investidos apenas R$ 9.9 milhões na linha PRONAF Agroecologia, em 488 contratos em todo o país. Os números são alarmantes e revelam o quanto o valor acessado é ínfimo: poucos milhões em anos, 

diante dos bilhões destinados ao agronegócio a cada safra.

Para além disso, a temática da financeirização ganha destaque quando observamos seus efeitos negativos na sociedade. O professor Ladislau Dowbor explica, em sua série de aulas Entenda a economia em 15 minutos (V1 – Calculadora imóveis x Fiis – Ago24), como 1/4 do que o Brasil produz é esterilizado por uma lógica que drena e paralisa o ciclo econômico. Ele associa esse processo à financeirização, que faz com que o resultado do trabalho das famílias, das empresas e os impostos arrecadados pelo Estado sejam canalizados para um pequeno grupo de grandes empresas, sem qualquer esforço produtivo.

Isso tem efeitos perversos sobre a própria composição da economia brasileira, desde a determinação da  taxa básica de juros até o nível de atividade econômica. Ainda segundo Dowbor, “o que se tira da economia real é dinheiro nosso, dos nossos impostos, que terminam indo para os grupos financeiros, para os bancos, para os aplicadores financeiros”.

Há uma intenção clara do capital financeiro de mascarar a destruição provocada ao meio ambiente e às populações ao criar produtos financeiros que, ao mesmo tempo em que rendem juros, mantêm o ciclo de acumulação de capital. Muitas vezes, esses produtos são pintados de “verdes” apenas para legitimar ainda mais acumulação. Movimentos populares têm feito críticas e proposto soluções inteligentes e verdadeiramente racionais para superar esses desafios impostos pelo conflito capital-vida.

No mesmo caminho, articulando campo e cidade nos sistemas agroalimentares, construiu-se, a partir da reforma agrária popular, uma nova possibilidade. Para os investimentos financeiros, uma articulação entre investidores que compreendem o caráter político de suas aplicações e os sujeitos reais do processo produtivo no campo gerou uma inovação no mundo dos investimentos: o financiamento popular para a produção de alimentos saudáveis, o Finapop.

Investimento com propósito: finanças a serviço da vida

O Finapop nasceu para inverter a lógica tradicional do mundo dos investimentos, que privilegia apenas o rendimento financeiro sem conexão com os impactos reais na produção. Em meio à pandemia da Covid-19 e à política de morte do governo Bolsonaro, em 2020 surgiu o Finapop, com a missão de criar estruturas financeiras capazes de impulsionar a produção de alimentos saudáveis, equilibrando rentabilidade para investidores com impactos concretos no combate à emergência climática.

A estratégia parte das necessidades reais de cooperativas e associações em territórios da reforma agrária, criando soluções que transformam o campo e a sociedade. Ao fazer isso, o Finapop se apresenta como alternativa diante de um modelo produtivo que aprofunda desigualdades sociais, expresso cruelmente no aumento das pessoas em situação de fome. Em um país onde os juros elevados endividam produtores e terras férteis são destinadas à exportação de commodities, o Finapop mostra que é possível construir novas relações no mercado financeiro, pautadas pela humanidade e pela natureza.

Desde 2020, o Finapop já promoveu acesso à crédito para 64 cooperativas e associações em territórios de reforma agrária de todas as regiões do Brasil, viabilizando a execução de 136 projetos que somam mais de 85 milhões de reais em investimentos. A maioria destas organizações obteve acesso ao crédito produtivo pela primeira vez. 

Em 2024, com o objetivo de ampliar o alcance e aprofundar os impactos, o Finapop lançou sua plataforma (Investimentos | FINAPOP) de investimento participativo. Nela, qualquer pessoa pode investir a partir de R$ 100,00, conectando diretamente recursos de investidores a projetos de produção de alimentos saudáveis em territórios da reforma agrária.

As cooperativas apresentam suas demandas e constroem arranjos que garantem sustentabilidade produtiva e social (Plataforma do Finapop celebra um ano com R$ 5,8 milhões captados e mais de 6 mil famílias beneficiadas – MST). Exemplos já financiados pela plataforma incluem: capital de giro para aquisição da produção de feijão das famílias agricultoras da cooperativa Concentra, em Minas Gerais, para beneficiamento e comercialização via políticas públicas para a alimentação escolar, a construção de um laticínio para processamento de  leite orgânico da cooperativa COPAVI, no Paraná e o crédito para a produção de castanhas e polpas de frutas pela cooperativa Coopalc, no estado do Ceará. . Essas experiências demonstram que é possível consolidar uma nova forma de investimento popular, em um cenário hostil para a agricultura familiar e camponesa, mas repleto de potência transformadora.

O Finapop existe para provar que investir pode ser mais do que buscar retorno financeiro: pode ser um gesto de compromisso com a vida, com a justiça social e com o futuro do planeta.

O futuro que financiamos começa agora

No mercado convencional de crédito, projetos como os que apoiamos dificilmente teriam acesso a financiamentos. A lógica dominante exige garantias passíveis de arrasto em caso de inadimplência, classificação de riscos e escalas de produção que excluem a agricultura familiar e, em especial, cooperativas e associações da reforma agrária. Esses empreendimentos muitas vezes são desconsiderados simplesmente por serem pequenos ou por estarem associados a territórios e populações historicamente marginalizados. Pela régua convencional, diriam que não funciona e, por isso, o crédito é sempre orientado para quem já tem mais condições de acumular.

Os resultados alcançados até aqui comprovam que essa inovação é viável: as operações realizadas pelo Finapop não apenas asseguram retorno aos investidores, como também são acompanhadas de perto por mecanismos de governança coletiva que garantem segurança e sustentabilidade, para quem investe e quem produz. 

Já experimentamos diferentes instrumentos financeiros, como a emissão de títulos para captação de recursos, investimentos diretos por organizações de investidores e, recentemente, nossa plataforma de investimento coletivo. O que converge, independente do mecanismo de financiamento, é a premissa de que o crédito deve nascer das demandas reais das cooperativas e praticar juros compatíveis com o ciclo produtivo. 

É justamente essa coerência, distinta da lógica de mercado tradicional, onde as taxas inviabilizam a agricultura familiar, que faz do investimento pelo Finapop um verdadeiro ato político. Mais do que competir com outros produtos financeiros, o que propomos é uma alternativa ética e confiável para quem deseja que o seu dinheiro esteja a serviço da vida.

*Cris Sturmer é economista e diretora de planejamento do Finapop e Luis Costa é diretor executivo do Finapop.

**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Veja mais

Ato do 7 de setembro

Tarcísio se alinha a ‘golpismo militar de 2022’ e extrema direita mostra fôlego, avalia cientista social

CRISE EM PARIS

Com desaprovação recorde, Macron diz que nomeará novo primeiro-ministro da França ‘nos próximos dias’

Arbitrariedade

Moradores veem retaliação em operação no Moinho e temem descumprimento de acordo

SE CONDENADO

Bolsonaro pode ir para a cadeia ainda nesta semana? Entenda

Orçamento

Com mais de 2,4 mil emendas, LDO deve ser votada nesta semana

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
  • Bem Viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevistas
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Rússia
    • Sahel
    • Cuba
    • EUA
    • China
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.