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Sob ameaça

Perseguida na ditadura, Federação de Favelas do Rio de Janeiro pode ser despejada de sede histórica

Imóvel na Praça da República consta na lista de bens públicos indicados para venda por Cláudio Castro (PL)

08.set.2025 às 09h31
Rio de Janeiro (RJ)
Clivia Mesquita
Perseguida na ditadura, Federação de Favelas do Rio de Janeiro pode ser despejada de sede histórica

Sede da Faferj fica na Praça da República, nº 24 - Igor Albuquerque/Voz das Comunidades

A mais antiga Federação de Favelas do país, situada no centro do Rio de Janeiro, pode ter sua sede histórica vendida para iniciativa privada a partir de uma proposta do governador Cláudio Castro (PL) que ignora recomendação do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Há cerca de um ano, um parecer inédito da Comissão de Anistia reconheceu que a entidade sofreu perseguição política nos anos 1960, durante a ditadura militar.

O imóvel público ocupado pela Faferj está entre os listados por Castro para serem colocados à venda por meio do Projeto de Lei Complementar 40/25 enviado pelo executivo à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), com a justificativa de que “geram mais despesas do que receitas”. 

Hoje a Faferj representa mais de 800 associações de moradores de favelas no Rio de Janeiro, fortalecendo a organização popular nos territórios, além de oferecer serviços fundamentais voltados para garantia de direitos, como tarifa social e assessoria jurídica. É ainda uma das entidades mais críticas à política de segurança pública do governo do estado. 

Patrimônio da cidade

Ao Brasil de Fato, o diretor da Faferj, Gabriel Siqueira, afirmou que o caráter de oposição da entidade pode ter contribuído para a inclusão da sede na lista de imóveis que Castro pretende vender. A atuação da Faferj é amplamente reconhecida no meio político, inclusive com homenagens concedidas no último ano.

“Pela Federação de Favelas ter o caráter de oposição ao governo fascista do Rio de Janeiro, a gente vem sofrendo retaliações e perseguições. O prédio é considerado patrimônio histórico de memória da luta das favelas do Rio de Janeiro. Diante disso a gente acha que é uma atitude fascista, unilateral e arbitrária desse governador que a gente tem críticas e que por isso parece nos perseguir”, disse Siqueira.

Pedro Monforte, diretor do Sindicato dos Engenheiros (Senge-RJ), levanta contradições do ponto de vista técnico na venda de patrimônio históricos da cidade. Desde 2023 o prédio que abriga a sede da Federação, no número 24 da Praça da República, é tombado por lei municipal. 

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“Faz sentido o governador querer explorar com interesse explicitamente econômico um patrimônio histórico e cultural da cidade? Será mesmo que vai ter demanda do mercado de adquirir um imóvel com uma série de restrições arquitetônicas? O que uma empreiteira pretende fazer com um prédio antigo que deve ser conservado?”, questiona Monforte. 

Memória e reparação

Os crimes cometidos pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar contra os moradores de favelas foram levantados pela Comissão da Verdade do Rio de Janeiro e embasaram o pedido inédito de anistia coletiva para a Federação de Favelas. Um dos responsáveis por esse levantamento foi o historiador Lucas Pedretti, que vê na medida do governo estadual o oposto da reparação.

“Não só o Estado não cumpre a recomendação da Comissão de Anistia, como tenta aprofundar e retomar essa perseguição à entidade por meio dessa venda flagrantemente ilegal e ilegítima. A sede ocupada pela Faferj há algumas décadas cumpre um papel fundamental para a atuação cotidiana da entidade, que presta serviços públicos relevantes relacionado às eleições nas associações de favelas, à tarifa social da água”, afirmou ao Brasil de Fato.

“É uma entidade fundamental para garantir o direito à cidade, o direito à livre associação e para representar o povo preto, o povo favelado, defender seus interesses, e nesse sentido, é muito grave que o Estado do Rio de Janeiro esteja indo na contramão do reconhecimento oficial da Comissão de Anistia, que era exatamente na direção de garantir uma reparação a Faferj pela perseguição durante a ditadura”, completa Pedretti.

Segundo as pesquisas, a primeira sede da Faferj foi roubada em 1965 pelo regime militar. O antigo prédio é ocupado pela administração regional da prefeitura do Rio, na rua República do Líbano, no centro. Na impossibilidade da reparação do prédio original, a reivindicação da Faferj é que o Estado indique um novo imóvel.

Desde outubro de 2024, há uma negociação com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU-RJ) para a cessão gratuita de um novo prédio dentro do programa federal Imóvel da Gente que contemple as necessidades da Faferj para sua sede. O Brasil de Fato solicitou um posicionamento sobre o andamento da política mas não teve retorno da pasta.

Anistia coletiva

Os primeiros atos da Faferj remontam à luta contra as remoções forçadas no Rio de Janeiro. Nos anos de chumbo, além de perder a sede, a organização teve dirigentes presos e era considerada subversiva. Até meados dos anos 1988, a Faferj permaneceu na clandestinidade, sendo alvo de perseguições políticas pela atuação contra violência policial e defesa dos direitos humanos nas favelas. 

A sede atual na Praça da República era um imóvel da União que passou para o estado e, estando abandonado, a Federação ocupou de forma pacífica nos anos da redemocratização, explica Gabriel Siqueira, diretor da Faferj. “O regime considerava atividade subversiva entre os favelados e fechou a sede da Federação com dois anos da sua fundação. Documentos mostram que a instituição permaneceu monitorada pelo Dops mesmo depois de ter acabado o regime militar”, afirma.

A Fafaerj foi a primeira organização de favela a receber anistia coletiva por perseguições sofrida na ditadura militar, um marco para a reparação da memória histórica do país, retomada no governo Lula (PT) em 2023. O reconhecimento da condição pela Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) ocorreu há cerca de um ano.

“A gente foi anistiado pela Comissão da Verdade porque sofremos danos, mortes de companheiros. A anistia pede que o governo dê uma sede para a Faferj, mas o governo estadual não está respeitando isso e colocou nossa sede à venda. É um absurdo com um prédio de 60 anos e com a instituição de 63 anos que faz um trabalho social de primeira linha”, disse à reportagem Rossino de Castro Diniz, de 70 anos, presidente da Faferj.

Embora não haja reparação econômica na anistia coletiva, a comissão recomenda uma série de medidas simbólicas que buscam fazer justiça aos que sofreram as perseguições. Neste caso, entre as propostas está a criação da sede da Faferj no centro do Rio; o fortalecimento do plano de redução de letalidade policial, determinada no julgamento da ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas; entre outras ações.

Outro lado

Em nota ao Brasil de Fato, o Governo do Estado do Rio de Janeiro afirmou que o imóvel está ocupado irregularmente pela Federação, “que nunca procurou o Estado para formalização de uso”. Em 2021, a Faferj ajuizou uma ação de usucapião, mas que foi posteriormente extinta. Segundo o governo, isso confirma a titularidade estadual do imóvel, inclusive para cobrança de aluguel.

“Em 2018, foi lavrada Notificação de Ocupação Irregular e fixada Taxa de Ocupação, com cobrança prevista a partir de 2019. Contudo, não houve pagamento da taxa nem recebimento das notificações. Na última vistoria realizada em 2024, o Governo constatou que o prédio não vem recebendo os cuidados necessários para sua conservação”, diz o governo.

Função social 

Na lista de 48 imóveis que o governo do Rio pretende leiloar estão ocupações organizadas por movimentos sociais, projetos sociais, escolas e até mesmo o histórico palacete do Museu Casa da Moeda do Brasil, vizinho à Faferj na Praça da República, local mais conhecido pelos cariocas como Campo de Santana.

No texto enviado à Alerj, Cláudio Castro (PL) argumenta que o Regime de Recuperação Fiscal impõe redução de custeio de manutenção da máquina pública, “de modo que a alienação de imóveis não afetados ao uso público em muito contribuirão neste sentido, além de impulsionar o ingresso de receita aos cofres estaduais”.

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj (CDDHC) realizou, na última semana, diligência de vistoria em imóveis ocupados por coletivos e organizações sociais como parte de um esforço de certificação do caráter social desses imóveis.

 “Esses imóveis não estão abandonados e cumprem uma função social essencial, atendendo mulheres, a população LGBTQIA+ e movimentos de direitos humanos e democracia”, afirmou a deputada Dani Monteiro (Psol), presidente da Comissão.

Parlamentares e suas equipes visitaram espaços como a Casa Almerinda Gama, do Movimento de Mulheres Olga Benário; o Grupo Tortura Nunca Mais, referência na luta por justiça e memória; e a Casa Nem, espaço de acolhimento e proteção da população LGBTQIA+, todos localizados na capital fluminense.

Editado por: Vivian Virissimo
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