Na última sexta-feira (5), a Universidade de Brasília (UnB) decidiu expulsar o aluno Wilker Leão, conhecido na internet por gravar vídeos confrontando professores. O youtuber passava por um processo disciplinar discente (PDD) para analisar as condutas em sala de aula.
“A Universidade de Brasília (UnB) informa que, após o despacho decisório no âmbito do processo disciplinar discente, o estudante Wilker Leão de Sá foi excluído da instituição e está impedido de realizar novos registros de matrícula”, disse o comunicado da instituição. Cabe recurso à decisão.
Com mais de 940 mil inscritos no YouTube, o estudante ingressou na Universidade em 2024 e desde então produziu vídeos debatendo com professores e alunos para postar em suas redes sociais sob o argumento de que havia uma “doutrinação de esquerda” na UnB. Em agosto de 2025, foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal por calúnia e difamação.
Com a exclusão, Wilker Leão fica impedido de se matricular na UnB, em qualquer forma de ingresso, por no mínimo cinco anos. A decisão foi comemorada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) Honestino Guimarães. “Os inimigos da educação, que perseguem professores, atacam estudantes e atrapalham as aulas, não são bem-vindos na UnB!”.
“Não aceitaremos, dentro da universidade, práticas de violência contra nenhum membro da comunidade acadêmica, nem o uso de qualquer espaço para ataques, perseguições ou ganhos pessoais em redes sociais. As medidas aplicadas são um primeiro passo, e outras poderão ser tomadas na esfera cível e criminal. O que defendemos sempre é o diálogo respeitoso; contra todo o resto, permaneceremos firmes e mobilizados”, destacou o diretor da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB) Pedro Mandagará.
Em nota, o sindicato dos professores da UnB reforçou que não foram atacados apenas a categoria docente, mas toda a comunidade formada por mais de 50 mil pessoas. “Não pode fazer parte de nossa comunidade alguém que expõe e agride professores e outros estudantes; alguém que deturpa seu legítimo direito de aprender, transformando-o em mote de lucros em redes sociais; alguém que zomba de processos internos, que organiza ataques à autonomia universitária, que promove a perseguição midiática de docentes e discentes”, aponta trecho do documento.
O Brasil de Fato DF entrou em contato com o estudante solicitando um posicionamento. Até o momento desta publicação, não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
Orientações contra gravações indevidas
No final de agosto, a ADUnB disponibilizou um guia prático com orientações para professores sobre gravações indevidas e ataques contra a atividade docente.
O objetivo é oferecer estratégias de proteção em situações de ataques ou ofensas que comprometam o exercício profissional e a liberdade de cátedra. O conteúdo aborda ainda os direitos autorais, de imagem, de honra e o da inviolabilidade da vida privada.
No documento, os professores podem encontrar modelos de textos para autorizar ou negar gravações de aula, orientações sobre quando registrar Boletim de Ocorrência, explicações sobre direitos autorais e de imagem, além de tutorial sobre como solicitar a remoção de aulas gravadas sem autorização no YouTube, dentre outras informações. A publicação está disponível no site do sindicato.