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Artigo

A agonia do Cerrado

A manta vegetal nativa e a biodiversidade do Cerrado estão sendo exterminadas, sobretudo, pelo agronegócio

10.set.2025 às 15h15
São Paulo (SP)
Luiz Marques
As águas das seis bacias hidrográficas do Cerrado alimentam rios de todos os biomas do Brasil, incluindo a Amazônia, segundo relatório

As águas das seis bacias hidrográficas do Cerrado alimentam rios de todos os biomas do Brasil, incluindo a Amazônia, segundo relatório - Foto: Divulgação/Rodolfo Almeida/Ambiental Media

O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional. O Ministério do Meio Ambiente assim define esse bioma: “O Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. (…) Cerca de 199 espécies de mamíferos são conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de peixes (1.200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são elevados. (…) De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos”. No Cerrado vivem 5% de todas as espécies do planeta e 30% das espécies do país, sendo que mais de 32% dessas espécies são endêmicas. De fato, mais de 4.800 espécies de plantas e de vertebrados são exclusivas dessa região. Além disso, das 5.487 espécies de mamíferos conhecidas no mundo, 700 estão no Brasil e 199 estão no Cerrado. 

Extermínio da cobertura vegetal nativa e da biodiversidade

A manta vegetal nativa e a biodiversidade do Cerrado estão sendo exterminadas, sobretudo, pelo agronegócio. “O Cerrado já perdeu cerca de 70% de sua cobertura original”. Essa cobertura foi eliminada para dar lugar a pastagens e a commodities para exportação. Ao importar essas commodities, os países setentrionais estão importando indiretamente a água do Cerrado e de outros biomas tropicais, e exportando extinção de espécies ao destruir 15 vezes mais biodiversidade nos países exportadores de commodities do que dentro de suas próprias fronteiras.

Tal é a razão por que o Cerrado, a “caixa d’água” do Brasil, está secando. Berço de seis das oito bacias hidrográficas mais importantes do país, o Cerrado fornece cerca de 70% da água do São Francisco e 47% da do Rio Paraná. Essa matriz hídrica está secando: 91% das bacias hidrográficas do Cerrado perderam superfície natural de água em relação à média histórica de 1985-2024.

O desmatamento no Cerrado vem se espraiando sobretudo pelo Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Em 2024, o desmatamento nesses estados concentrou 75% do desmatamento do Cerrado e cerca de 42% de toda a perda de vegetação nativa no país. Esses quatro estados, que abrigam 47,8% da vegetação remanescente do Cerrado, têm sido o principal foco de desmatamento. Cada um deles tem pelo menos um município com mais de 30% de perda de vegetação nativa entre 2008 e 2023. É quase inacreditável que em 15 anos um município tenha perdido mais de 30% de sua vegetação nativa. 

As projeções para este segundo quarto de século são nada menos que catastróficas para o Cerrado como um todo: “Mantidas as tendências atuais, 31% a 34% da área restante da cobertura vegetal do Cerrado deve ser suprimida até 2050 (…), levando à extinção cerca de 480 espécies de plantas endêmicas – três vezes mais que todas as extinções documentadas desde 1500”. Essas projeções foram feitas em 2017. Apenas cinco anos depois, o desmatamento, as ondas e picos de calor, as secas e os incêndios agravaram esse quadro.

Os resultados de uma pesquisa de 2022 indicam, de fato, que “a conversão das florestas do Cerrado em monoculturas e pastagens aumentou a temperatura média superficial em cerca de 3,5 °C e reduziu a evapotranspiração média anual em 44% e 39% respectivamente”. 

Desmatamento, perda de biodiversidade, secas, incêndios, uso crescente de agrotóxicos, captação abusiva de água e falta de governança agem em sinergia como um acelerador do aquecimento e estão condenando o Cerrado à morte no horizonte dos próximos decênios. O alerta do próprio Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação é claro. O relatório “Mudança do Clima no Brasil – Síntese Atualizada e Perspectivas para Decisões Estratégicas”, publicado em 2024 pelo MCTI afirma, acerca do Cerrado: “A mudança de uso e cobertura do solo, aliada à mudança climática em curso, impactou fortemente sua biodiversidade e levou 657 espécies de plantas à extinção nesse bioma, mais do que quatro vezes o recorde global de extinção de espécies. (…) Os efeitos das mudanças climáticas, expressos por secas e ondas de calor, causam estresse às plantas, comprometendo seu crescimento e aumentando sua mortalidade”. 

O Cerrado chegou a uma situação-limite. Mantido o atual modelo econômico injusto, ecocida e suicida, não há saída nem para esse bioma agonizante, nem para o Brasil e nem para os demais países da região. A única possibilidade de conservar e restaurar o que resta desse bioma, na medida do ainda possível, é descontinuar drasticamente a atividade do agronegócio, promovendo uma reforma agrária popular, condição de possibilidade de uma agricultura genuína, produtora de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, próximos do consumidor e geradora de prosperidade. Só não vê isso quem não quer ou quem lucra com a destruição. 

*Luiz Marques é professor livre-docente aposentado e colaborador do Departamento de História do IFCH/Unicamp.

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