A Polônia disse que abateu vários drones russos em seu território na madrugada desta quarta-feira (10), em meio a um ataque maciço realizado pela Rússia contra a região oeste da Ucrânia. O incidente foi classificado pelos militares poloneses como um “ato de agressão”. Foi a primeira vez que drones atribuídos à Rússia foram abatidos em espaço aéreo polonês desde o início da guerra da Ucrânia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao comentar o incidente, afirmou que os líderes ocidentais acusam Moscou regularmente de provocações sem apresentar provas.
“Os líderes da [União Europeia] UE e da Otan acusam diariamente a Rússia de provocações. Na maioria das vezes, sem sequer tentarem apresentar argumentos”, disse o porta-voz de Putin, que também informou que encaminhou as questões relacionadas ao incidente ao Ministério da Defesa.
O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, convocou uma reunião de emergência e disse que foram registrados 19 drones durante a noite, a maioria deles vindos de Belarus.
Tusk também afirmou que a Polônia chegou a solicitar aos seus aliados que invocassem o Artigo IV da Carta da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que prevê consultas sempre que a integridade territorial, a independência política ou a segurança de um dos países do bloco estiver ameaçada.
“O fato de que estes drones que representaram uma ameaça à segurança foram abatidos altera a situação política. Por conseguinte, as consultas com os aliados assumiram a forma de um pedido oficial para ativar o artigo 4.º do Tratado da Otan”, disse Tusk no parlamento.
Apesar da pressão polonesa, a Otan não considerou que o episódio possa ser tratado como “um ataque”. Ainda assim, foi a primeira vez que aeronaves da aliança foram utilizadas para abater drones atribuídos à Rússia sobre o território de um Estado-membro desde o início do conflito ucraniano.
Acusação reacende tensão entre os países
Anteriormente ao pronunciamento do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, o encarregado para os assuntos da Rússia na Polônia, Andrei Ordash, afirmou à agência Ria Novosti, que “não foram apresentadas provas” de que estes drones abatidos em território polonês sejam de origem russa.
“Consideramos as acusações infundadas. Não foram apresentadas provas de que estes drones sejam de origem russa”, disse Andrei Ordash.
A contestação da versão polonesa pela Rússia remete a um episódio de tensão entre os dois países ocorrido no final de 2022, quando projéteis que caíram em território polonês perto da fronteira com a Ucrânia deixaram duas pessoas mortas. Inicialmente, Varsóvia alegou que as armas eram de fabricação russa, mas posteriormente o então presidente Andrzej Duda admitiu que a munição provavelmente pertencia a Kiev.
Na ocasião, foi identificado que os mísseis eram das Forças Armadas Ucranianas, lançados para interceptar mísseis russos. Imagens publicadas do local mostraram fragmentos de um projétil do sistema ucraniano S-300.