“Nem herói mitológico, nem tirano caricato mas uma figura complexa, agente e resultado de um longo e sinuoso processo político”. Este é o mote de A China atual no legado de Mao Tsé-Tung ─ editora Ideias & Letras ─ livro organizado pelo cientista político Diego Pautasso e que está sendo lançado nesta semana.
“A importância do Mao para a China de hoje é muito maior do que a imaginada no Ocidente”, diz ele, sustentando que a nação do desenvolvimento frenético “não nasceu com as reformas de Deng Xiaoping, mas sim de uma longa luta que culminou na Revolução de 1949”.
Entendendo os ecos de Mao na atualidade
A partir de então, enfatiza Pautasso, “foi a era maoista que assentou as bases da integração territorial, da soberania nacional e do desenvolvimento, estabelecendo as bases para o atual ciclo de modernização”. Para ele, “entender os ecos de Mao implica discernir as linhas de continuidade e mudança na atualidade da China”.
Também diretor de pesquisas do Centro de Estudos Avançados Brasil-China (Cebrac) e autor dos livros Imperialismo – Ainda faz sentido na Era da Globalização? e China e Rússia no Pós-Guerra Fria, ele argumenta que, para entender o gigante asiático e maior parceiro comercial do Brasil e da maioria dos países do mundo, é “preciso ir além dos clichês que dominam o olhar ocidental”.
“Sem romantização ou vilanização”
Em 12 capítulos, o livro apresenta uma “cartografia crítica” da trajetória do líder revolucionário “sem romantização ou vilanização”. Ao invés disso, observa o organizador, “propõe uma compreensão enraizada na história concreta da China, de suas humilhações coloniais à construção de um projeto nacional e popular capaz de recolocar mais de 1,4 bilhão de pessoas no epicentro da história mundial”.
A proposta discute Mao como estrategista, pensador, camponês rebelde e estadista. “Não para canonizá-lo, mas para compreendê-lo nos termos da história chinesa e de seus constrangimentos regionais e globais, lançando luzes sobre um abrangente e contraditório processo revolucionário”, reitera Pautasso.
Entre os demais autores do livro estão outros nomes do Brasil além de analistas da China, Argentina e México.