O Centro Brasileiro de Pesquisa e Estudos da Cannabis Medicinal (Cebrapcam) e o Instituto Nacional do Semiárido (Insa), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), estão em processo para firmar uma parceria com o objetivo de promover o desenvolvimento socioeconômico do Semiárido paraibano e fomentar a saúde coletiva.
Localizada em São José de Espinharas (PB), a sede do Cebrapcam recebeu, no último sábado (6), a visita do diretor do Insa, José Etham de Lucena Barbosa, a fim de estabelecer o termo de cooperação técnica, que deverá ser formalizado em breve. Conforme o Insa, a colaboração “pode significar maior visibilidade científica, atração de projetos de pesquisa, fortalecimento institucional e, no futuro, impactos positivos na saúde e na economia local”.
“A parceria tem um intuito, a princípio, tanto de avançar na questão do controle de qualidade, como também no desenvolvimento de novas linhagens adaptadas à região do Semiárido e de questões relacionadas ao melhoramento genético da parte vegetal”, explica Eulampio Dantas, médico pesquisador e presidente do Cebrapcam.
De acordo com Dantas, atualmente o Cebrapcam produz dez tipos diferentes de óleo em diferentes concentrações, desde a linha rica em canabidiol (CBD) e a linha rica em tetrahidrocanabinol (THC). “A gente também produz flores para os que fazem uso com prescrição médica pela via vaporizada, além de pomadas e cremes [com cera de abelha, óleo de coco e óleo de cannabis] e outros produtos ainda em fase de desenvolvimento”, conta Dantas.
Trabalho desenvolvido
Criada em 2022, o Cebrapcam atua para garantir, consolidar e expandir a inclusão social, promovendo ações de cuidado, acolhimento e acesso seguro para as pessoas que necessitam de tratamento à base da cannabis. Conforme elenca o centro de pesquisa, os benefícios dos produtos são: redução dos sintomas da dependência química; melhora nos quadros de epilepsia; auxílio nas sequelas do câncer; alívio da dor; “controle” da ansiedade e ataques de pânico; auxílio na neuromodulação e em doenças neurodegenerativas; e melhora quadros do espectro autista e patologias relacionadas ao neurodesenvolvimento.
“Apesar de sermos uma entidade pequena, nós congregamos cerca de mil associados no Brasil, em que 80% desses associados são subsidiados pela própria associação, ou seja, muitos deles, inclusive, a associação arca em forma integral com o seu tratamento”, informa Dantas.
O centro de pesquisa também possui cadastro na Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Segundo Dantas, a Cebrapcam é a primeira associação do Norte e Nordeste, localizada no interior, que tem autorização federal para cultivar, produzir e disponibilizar a cannabis.
“A ideia de que a cannabis para fins medicinais possa gerar renda, criar oportunidades e não ser somente vista como um estigma e traçar um perfil também de reparação social é um dos motivos que fez com que a gente trouxesse [o centro de pesquisa] para essa região do estado. O Semiárido nordestino é, muitas vezes, esquecido pelo poderio público”, comenta.

Atualmente, o centro atende 24 estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal. “Hoje também nós já conseguimos ofertar consultas médicas especializadas via telemedicina aos pacientes a um custo de R$ 220, o que termina facilitando o acesso à avaliação desse paciente por um profissional capacitado, habilitado”, ressalta Dantas.
“Muitos desses pacientes que têm dificuldade com a consulta, a associação se esforça também para sufragar esse custo, para que ele possa ter essa avaliação por meio de entrevistas sociais e atendimentos pro bono por parte de alguns profissionais médicos, terapeutas ocupacionais, psicólogos”, complementa.
A perspectiva é que a futura parceria entre o Cebrapcam e o Insa – este último já tem cooperação técnica formalizada com a Associação Brasileira de Apoio à Cannabis Esperança (Abrace), instituição localizada em João Pessoa – possa facilitar o acesso de pacientes aos tratamentos com a cannabis medicinal.
“Ao se conseguir avançar na produção de mudas com custo mais acessível e melhor adaptadas à nossa região, ao nosso clima, melhorando o efeito de produtividade, com certeza se poderá ofertar um tratamento a um custo, inclusive, bem mais aquém do que o que a gente está ofertando na atualidade. Então, as possibilidades são infinitas nesse sentido”, aponta Dantas.
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