A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus pela tentativa de golpe de Estado, nesta quinta-feira (11), repercutiu fortemente nas redes sociais. Entre apoiadores e adversários, o voto da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia, que selou o destino do ex-presidente no julgamento sobre a trama golpista, foi exaltado e criticado.
O líder do governo na Câmara Federal, deputado José Guimarães (PT-CE) celebrou a vitória da democracia. “Dia histórico para a democracia. A condenação do Bolsonaro e toda sua turma golpista marca um novo período histórico: o fortalecimento das instituições democráticas. E fica uma lição: ninguém está acima da lei. O STF dá um belo exemplo de compromisso com tudo que está dito nos autos da ação penal. A democracia venceu”, escreveu.
Presente ao julgamento, a deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP), falou com a reportagem do Brasil de Fato e exaltou o resultado. “Foi um voto de justiça, que todos os brasileiros esperavam. E uma posição altiva frente ao que aconteceu no dia de ontem, com uma série de falácias do ministro Luiz Fux. O que importa é que agora a gente vai ver o Bolsonaro e os principais golpistas condenados e isso é histórico. O Brasil nunca viveu isso, um momento de reparação, de memória, de verdade, de justiça. É muito importante para a nossa geração e para as próximas também”, afirmou.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) exaltou a decisão como “histórica”. “Bolsonaro sendo condenado por seus crimes! A ministra Carmen Lúcia desmonta a argumentação cretina de que não houve tentativa de golpe e que Bolsonaro era um mero espectador dos acontecimentos. Golpistas na cadeia! Sem anistia”, postou em suas redes sociais.
O historiador, cientista político e ex-presidente do Psol Juliano Medeiros também exaltou o dia histórico. “A democracia brasileira, com seus limites e imperfeições, mostrou força diante daqueles que apostavam na impunidade e no esquecimento. A condenação de Bolsonaro e de generais vinculados a uma tentativa frustrada de golpe é a demonstração de que o Brasil não aceita mais repetir os erros do passado. Isso sim é um ‘grande dia’”, afirmou.
O senador Humberto Costa (PT-PE) comemorou a decisão e disse que Bolsonaro está com o passaporte carimbado para a Papuda, complexo penitenciário de segurança máxima no Distrito Federal. “Por 3 X 1, a Primeira Turma do STF já fez maioria para condenar Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado de direito e outros crimes. Ainda falta o voto do ministro Zanin, mas Bolsonaro já está com o passaporte carimbado para a Papuda. Grande dia”, escreveu.
Já o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, criticou a condenação e voltou a chamar o ministro Alexandre de Moraes de ditador. “Chamam de julgamento um processo que todos já sabiam o resultado antes mesmo de ele começar. Não pelo que viria a ser produzido nos autos, mas por quem iria julgar. A isso chamam de defesa da democracia. Não, isso é defesa da supremacia.A pretexto de defender a democracia, os pilares da democracia foram quebrados para condenar um inocente que ousou não se curvar a um ditador chamado Alexandre de Moraes”, postou.
O líder da oposição, deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), disse que a condenação de Bolsonaro só vai fortalecer a busca pela anistia. “Isso só nos fortalece. Estamos trabalhando a pauta da anistia com muita tranquilidade e muita firmeza em diálogos com líderes de outros partidos”, afirmou.
Outros aliados de Bolsonaro permaneceram em silêncio até o meio da tarde desta quinta-feira. O pastor Silas Malafaia, que liderou manifestações em favor da anistia a Bolsonaro, não se manifestou sobre a condenação. O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) também não. As últimas postagens de ambos ainda exaltavam o voto divergente de Luiz Fux, proferido nesta quarta-feira (10).
Maioria formada
Em seu voto, a ministra afirmou que “Jair Messias Bolsonaro praticou os crimes que são imputados a ele na condição de líder da organização criminosa. Ele não foi tragado para o cenário das insurgências. Ele é o causador, ele é o líder de uma organização que promovia todas as formas de articulação alinhada para que se chegasse ao objetivo da manutenção ou tomada do poder”.
E continuou: “há prova cabal que o grupo liderado por Jair Messias Bolsonaro e composto por figuras-chave do governo desenvolveu e implementou plano progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas com a finalidade de prejudicar a alternância legítima de poder nas eleições de 2022, minar o livre exercício dos demais Poderes constitucionais, especialmente do Poder Judiciário.”
Após divergência apresentada pelo ministro Luiz Fux, da Primeira Turma do STF, em votação que durou quase 14 horas nesta quarta-feira (10), a ministra foi a terceira a votar e destacou as provas de formação de organização criminosa envolvendo o “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado no Brasil. Dessa forma, formou-se a maioria necessária para responsabilizá-los criminalmente pelos crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).