O vencedor do É Tudo Verdade poderá ser visto em Porto Alegre nesta sexta-feira (12). Copan (2025), de Carine Wallauer, tem exibição às 19h, na Cinemateca Capitólio (R. Demétrio Ribeiro, 1085), como atração da Prévia 2º POADOC. A sessão comentada pela diretora tem entrada franca, com distribuição de ingressos 30 minutos antes do horário marcado para início do evento.
O documentário da cineasta natural de Novo Hamburgo investiga o edifício que dá título ao filme, localizado na cidade de São Paulo, e é considerado um verdadeiro microcosmo do Brasil. Cinco mil moradores e mais de cem funcionários representam uma diversidade de personagens e pontos de vista que revelam contrastes e desigualdades estruturais do país. Copan teve sua première mundial no O CPH:DOX, um dos maiores festivais de documentários no mundo.
A primeira edição do festival POADOC aconteceu em 2020, em plena pandemia, no formato online. Em 2026, o evento retorna em novo formato, com mostra de filmes na Capitólio, exibições itinerantes, laboratório de projetos, ações educativas para escolas e atividades formativas no Goethe-Institut, espalhados ao longo de todo o ano.
Como prévia, o POADOC traz um ciclo de quatro filmes inéditos na cidade, de setembro a novembro. Além de “Copan” (2025), foram convidados “Suraras” (2024) e “Marlene” (2022), de Barbara Marcel; e “Bajo Las Banderas, El Sol” (2025), de Juanjo Pereira.
Em outubro, será a vez de dois títulos da realizadora carioca Barbara Marcel. O primeiro será o longa “Suraras” (2024), no dia 15, às 19h, na Capitólio. Exibido pela primeira vez no CineBH, acompanha duas radialistas comunitárias de uma das reservas mais antigas do Pará: a Resex Tapajós-Arapiuns, localizada no meio da Amazônia brasileira.
Já o média-metragem “Marlene” (2024), será projetado no Goethe, no dia 16, às 19h. Na obra, Barbara propôs um workshop sobre o filme “O Leão de Sete Cabeças“, de Glauber Rocha, para estudantes locais da faculdade de Belas Artes de Kinshasa, República Democrática do Congo.
Vencedor do prêmio Fipresci da crítica internacional na mostra Panorama do último Festival de Berlim, ”Bajo Las Banderas, El Sol” (2025), de Juanjo Pereira, é a atração de 6 de novembro, quinta-feira, às 19h, na Capitólio. O filme também levou os prêmios principais da competição internacional do BAFICI (Argentina) e da competição latino-americana de documentários do Festival de Lima (Peru).
A produção traz imagens raras e há muito esquecidas que revelam o mecanismo oculto da ditadura de Alfredo Stroessner no Paraguai – um dos regimes mais duradouros da história. Da propaganda às transmissões internacionais, o doc traz uma exposição de como a mídia moldou o poder, controlou a memória de uma sociedade e construiu um legado de medo e silêncio que perdura até hoje.
Com financiamento da Política Nacional Aldir Blanc, o POADOC tem apoio da Cinemateca Capitólio e do Instituto Goethe.
O bom, o mau e o feio em um monumental edifício
No coração de São Paulo, um único prédio de 120 mil metros quadrados é um ícone arquitetônico, criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, um ponto turístico da cidade e um residencial que abriga cinco mil moradores. Pelo olhar da cineasta hamburguense Carine Wallauer, Copan é um microcosmo de tudo o que o Brasil representa: o bom, o mau e o feio.
O filme teve sua estreia mundial em cinco sessões lotadas no CPH:DOX 2025 – Festival Internacional de Documentários de Copenhague, sendo o único representante da América Latina nesta edição.
O longa captura um retrato imersivo e íntimo do maior edifício residencial da América Latina e lança luz sobre o cotidiano de um país marcado por uma democracia fragilizada. A equipe acompanha a corrida eleitoral para o novo administrador do condomínio enquanto escancara as dinâmicas de poder e influência contidos dentro de um monumental edifício.

Diretora e roteirista, Carine Wallauer foi residente do Copan por sete anos e sua câmera observa a vida das centenas de residentes e mais de 100 trabalhadores fixos do complexo. O filme apresenta uma realidade social urbana com toques de sci-fi inseridos no cotidiano da maior cidade do Brasil.
Sobre a diretora:

A produção artística de Carine Wallauer transita entre a técnica e a experimentação com imagens e está presente em plataformas digitais e publicações impressas respeitadas internacionalmente. Participou de exposições coletivas em galerias da Itália, Canadá, Turquia e EUA, além de individuais no Brasil. Seu trabalho integra a coleção de Joaquim Paiva e está presente nos acervos do MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e do MAC – Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul.
Publicou três fotolivros, Visões elevadas de eros, O vazio é um espelho e Quando o coração é um caçador solitário – todos com tiragens esgotadas e que fazem parte do acervo da Biblioteca do IMS – Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Como diretora e diretora de fotografia, tem contribuído em diversos projetos de ficção e documentário, sendo indicada e premiada em importantes festivais.

Além de colaborar como diretora de fotografia em projetos de outros cineastas, ela escreveu, dirigiu e fotografou COPAN, seu primeiro longa-metragem. Com o projeto, participou de incubadoras de talentos em dois dos festivais de cinema mais renomados do mundo: Berlinale – Festival Internacional de Cinema de Berlim e IDFA – Festival Internacional de Documentários de Amsterdã.
Esta coprodução franco-brasileira recebeu financiamento de desenvolvimento, produção e pós-produção do Governo do Estado de São Paulo, do FSA Novos Diretores da ANCINE e do Aide aux cinémas du monde do CNC (Centro Nacional da Cinematografia, grande órgão de cinema na França).
Atualmente, a realizadora está trabalhando em seu primeiro longa-metragem híbrido entre ficção e documentário, O Duplo e sua Sombra.