Esta edição do Bem Viver, programa do Brasil de Fato, traz São Francisco Xavier (SP), uma região muito bem cuidada por seus moradores. A começar pelo ilustre muriqui, primata ameaçado de extinção difícil de ser visto em outras partes do país.
O macaquinho é um exemplo de como é possível seguir as regras de uma Área de Proteção Ambiental (APA), grupo de medidas elaboradas para garantir a manutenção das belezas e tradições de São Francisco Xavier, distrito que pertence ao município a São José dos Campos, aproximadamente 100 quilômetros da capital paulista.
“Ele [muriqui] é símbolo de São Francisco, símbolo de proteção, é uma espécie que a gente chama de guarda-chuva porque ele protege outras espécies. Ele precisa de uma mata muito preservada. Então para gente manter esse local ideal você acaba protegendo outras espécie também”, explica o guia de turismo Allan Souza, morador de São Francisco Xavier.
“A APA é minha casa”, segue Souza. Ele explica que esse regramento garante que determinadas áreas precisam permanecer preservadas, limitando a expansão imobiliária, principalmente, no topo de morros.
Foi em 8 de novembro de 2002 que a Serra da Mantiqueira ganhou mais um instrumento de preservação. Por meio da Lei Estadual nº 11.262 se instituiu a Área de Proteção Ambiental São Francisco Xavier (APASFX).
O muriqui é considerado o maior primata das Américas vive, podendo chegar a 1,5 metro de altura e pesar 15 quilos. Seu nome correto é muriqui-do-sul e em São Francisco Xavier, ele foi redescoberto em 1991, pelo biólogo Luiz Alberto Antonieto e passou a ser símbolo do distrito em 1994.
Mas não são só os bichos os responsáveis por fazer de São Francisco Xavier um exemplo de conservação.
O gestor da APA Renato Lorza defende que nada funcionaria se a população não tivesse comprado a ideia de fazer pequenas ações cotidianas pela preservação do espaço.
“Na minha opinião, nenhuma unidade de conservação se faz com funcionários… Se você olhar para o Snuc ele garante que a gestão seja participativa. Em São Francisco Xavier a gente busca que a gestão seja efetivamente de forma participativa”, avalia.
Renato não tem do que reclamar. Muitos moradores voluntários trabalham como protetores da fauna, guias turísticos, coletores de sementes e realizam ainda o manejo e o plantio de espécies nativas da Mata Atlântica. Há 25 anos, a população local também se mobiliza para fazer anualmente limpezas no rio do Peixe que atravessa a região.
Além da fauna e flora, os recursos hídricos são peça-chave para entender por que São Francisco Xavier recebeu esse regramento ambiental mais rígido. O local abunda em rios, riachos, quedas d’água e afins.
E por fim, o último elemento que determinou a criação da APA foi a cultura tropeira, não típica só de São Francisco Xavier, mas extremamente visível e perceptível ao andar pelas ruas, ao tomar um café no centro ou até fazendo uma trilha pela zona rural nas trilhas da região.
Juçara
Se quando falamos de preservação da Amazônia pensamos logo no açaí, quando falamos da Mata Atlântica, o sinônimo deve ser a juçara. Ela é roxinha, assim como a fruta do Norte, e também carrega importantes propriedades nutritivas. O fruto é rico em compostos bioativos, especialmente em antocianinas.
Seja como suco ou sorvete, o consumo da juçara é, por si só, um ato de preservação ambiental, como explica o produtor rural, Leonardo Abe.
“A juçara está extinção por conta do corte ilegal destinado à conserva de palmito. Isso estou falando de forma ilegal, porque existem cortes processamentos legais, autorizados, mas muito se cortou ilegalmente. Cortou, acabou”, lamenta.
“Já a fruta do juçara, você não precisa cortar, você vai lá, colhe, despolpa e não desmata nada. De um lado sai a polpa, de outro lado sai a semente e ainda de outro lado sai material para artesanato. A semente dá para fazer muda, então é um processo sustentável, uma cadeia sustentável”, conclui.
E, de fato, a cadeia vai longe. Com o incentivo de Abe, outras pessoas em São Francisco Xavier perceberam o potencial da juçara em pé e desenvolveram novas formas de aproveitar o fruto.
“No começo foi meio estranho até o pessoal gostar”, lembra Rosangela De Jesus Dos Santos Silva sobre como foi a recepção do sorvete de juçara pela população.
Ela é dona da Sorveteria do Vovô, no centro da cidade, ponto certo para todo turista e também moradores desfrutarem de iguarias da região. Se o início foi difícil, hoje o produto é sucesso de vendas e atrai a atenção de quem passa pela região.
“Não é em qualquer lugar que a gente encontra um sorvete como esse, por exemplo, de juçara, feito com a fruta, natura e de forma artesanal”, reconhece a gestora cultural Carla Romano, que provou — e aprovou — pela primeira vez.
E tem mais…
O programa também traz a resistência no Cerrado com o movimento Cerrado de Pé, em Goiás.
Os saberes tradicionais de saúde na Ilha de Marajó, no Pará, no projeto Territórios do Cuidado da Fiocruz.
A tradição milenar do Muqam Uigur, na China, patrimônio da humanidade.
Quando e onde assistir?
No YouTube do Brasil de Fato todo sábado às 13h30, tem programa inédito. Basta clicar aqui.
Na TVT: sábado às 13h; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h no canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.
Na TV Brasil (EBC), sexta-feira às 6h30.
Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no canal 30 (7.1 no aparelho) do sinal digital.
Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no canal 12 da NET.
Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no canal 12 da NET.
Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no canal 40 UHF digital.
Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Canal 15 da NET.
TV UFMA Maranhão: quinta-feira às 10h40, no canal aberto 16.1, Sky 316, TVN 16 e Claro 17.
Sintonize
No rádio, o programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil de Fato. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo. Além de ser transmitido pela Rádio Agência Brasil de Fato.
O programa conta também com uma versão especial em podcast, o Conversa Bem Viver , transmitido pelas plataformas Spotify, Google Podcasts, iTunes, Pocket Casts e Deezer.
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