Após realizar uma jornada de alistamento massivo da população para a Milícia Nacional Bolivariana, como forma de defender o território nacional, a Venezuela inicia neste sábado (13) o treinamento dos novos alistados.
A Milícia Bolivariana é uma organização formada em 2009 composta por civis e militares aposentados em seus quadros. Eles recebem treinamento para defesa pessoal e fiscalização do território em seus diferentes contextos — urbano e rural. A milícia passou a compor uma das cinco Forças Armadas da Venezuela, que tem uma estrutura diferente do Brasil. Antes do alistamento massivo, o governo venezuelano afirmava que o número de civis alistados na Milícia Bolivariana chegava a 5 milhões.
Na sexta-feira (12), o presidente do país, Nicolás Maduro, informou que o treinamento ocorrerá em 312 quartéis e unidades militares distribuídas pelo território nacional.
“Sábado, 13 de setembro, a partir das 9 da manhã, alistados, alistadas, homens e mulheres, patriotas, Milícia Nacional Bolivariana, o povo vai aos quartéis, às unidades, em união bolivariana, com coração, com o fogo sagrado que nos move. A Venezuela defende o seu direito à paz”, disse o presidente, em um vídeo gravado após se reunir com o alto comando militar do país.
No comunicado, Maduro explicou que os alistados vão receber capacitação para o uso do sistema de armas, organização e formação para atuação nas operações militares.
O treinamento dos voluntários ocorre em meio à tensão provocada após o governo dos Estados Unidos enviar embarcações de guerra e cerca de 4 mil soldados a águas do Caribe, próximas ao país.
Em agosto, o Departamento de Estado dos EUA havia aumentado a recompensa pela prisão de Nicolás Maduro para US$ 50 milhões e, sem apresentar provas, reiterou que o mandatário venezuelano seria chefe do Cartel dos Sóis, uma suposta organização criminosa, sobre a qual não há informações oficiais.
Diante desse cenário, na última quinta-feira (11), o governo venezuelano ativou a chamada “Operação Independência 200”, com 24 frentes militares de defesa distribuídas pela costa caribenha, visando a proteção de objetivos estratégicos e da soberania do território nacional.
“Bandeira falsa”
Na última semana, a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) emitiu um comunicado oficial em que afirma que o governo dos Estados Unidos busca “fabricar um incidente de falso positivo” que serviria de “pretexto para justificar uma agressão militar” contra o país sul-americano.
O falso positivo a que se refere a FANB se referia a um suposto helicóptero estadunidense que estaria se aproximando do território insular do país, como forma de provocar uma reação da Força Armada venezuelana. O comunicado menciona um episódio ocorrido no Vietnã, quando um incidente fabricado, envolvendo um destroyer estadunidense e torpedeiros norte-vietnamitas, terminou sendo usado como justificativa para uma escalada na guerra.
“Sem dúvida, essas fake news fazem parte das operações psicológicas contempladas no roteiro tradicional de guerra dos EUA, que visam criar cenários fictícios como pré-condição para intervenções armadas; neste caso, sob a desculpa fatídica da ‘luta contra o narcotráfico’, quando, na realidade, o objetivo é uma mudança forçada de regime na Venezuela, o que simultaneamente arrastaria a região para um conflito de consequências imprevisíveis”, diz o comunicado, assinado pelo general em chefe da FANB e ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.