Neste domingo (14), a primeira-ministra interina do Nepal fez sua primeira declaração pública desde que assumiu o posto, na última sexta-feira (12).
Shushila Karki afirmou que vai ficar apenas seis meses no cargo. Novas eleições estão marcadas no país para o dia 5 de março de 2026, e, após os resultados, ela deixará de comandar o Nepal. “Eu não queria esse trabalho. Foi por causa das vozes das ruas que fui convencida a aceitar”, ela pontuou.
Karki foi escolhida após reuniões entre o presidente, Ramchandra Paudel, o chefe do exército, Ashok Raj Sigdel, e representantes dos manifestantes que tomaram as ruas desde segunda-feira (8).
Os protestos foram desencadeados pelo bloqueio de plataformas digitais no país, e logo ganharam contornos violentos, com políticos sendo agredidos e tendo suas casas incendiadas. A repressão policial também foi dura. Segundo informações oficiais divulgadas durante o pronunciamento da nova premiê, 72 pessoas morreram nos confrontos.
“Temos que trabalhar de acordo com o pensamento da geração Z”, Karki afirmou, fazendo referência ao fato de que os manifestantes são jovens com menos de 30 anos. “O que o grupo está exigindo é o fim da corrupção, boa governança e equidade econômica”, completou.
Karki, que é a primeira mulher a ocupar o posto de primeira-ministra no país, já tinha sido pioneira antes: entre julho de 2016 e junho de 2017, foi presidenta da Suprema Corte nepalesa, cargo que também nunca tinha sido de uma mulher. Durante sua presidência na Suprema Corte, ela foi alvo de um pedido de impeachment, mas acabou se aposentando antes de o processo avançar.
Na época, Karki anulou a indicação do Executivo para o cargo de chefe nacional de polícia, o que levou a coalizão que estava no governo a entrar com um processo por abuso de poder judicial.