O ex-delegado geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes foi morto a tiros de fuzil na noite desta segunda-feira 15, em Praia Grande, no litoral paulista. Aposentado da atividade policial, ele atuava como Secretário de Administração da prefeitura de Praia Grande.
Fontes ficou conhecido por sua atuação no combate ao crime organizado, e foi um dos responsáveis pelas primeiras investigações contra o grupo Primeiro Comando da Capital (PCC), no início dos anos 2000. O jornalista Josmar Jozino, que escreveu Cobras e Lagartos, livro-reportagem que conta a criação e o funcionamento do PCC, descreveu Fontes como o “inimigo número 1” da facção.
Em sua coluna no portal UOL, Jozino destaca alguns dos supostos integrantes da facção indiciados pelo ex-delegado, entre eles Marco Willians Herbas Camacho (o Marcola), apontado como maior chefe da organização. Por muitos anos, Fontes foi alvo de ameaças de morte.
Em nota divulgada horas após o assassinato, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) lamentou a morte de Fontes e informou que a cena do crime foi preservada para realização da perícia. A Polícia Civil é responsável pela investigação do caso, e busca identificar os envolvidos para responsabilização.
O ex-delegado foi atingido pelos tiros depois de deixar o local de trabalho na prefeitura de Praia Grande. Ele foi alvo de uma emboscada e ainda tentou fugir, mas foi alcançado e atingido.
Vídeo de câmera de segurança ao qual o Brasil de Fato teve acesso mostra um trecho da perseguição. O veículo conduzido por Fontes se choca com um ônibus após fazer uma curva em alta velocidade. O carro dos suspeitos, que vinha logo atrás, encosta. Três homens armados e encapuzados descem, e dois deles disparam. O grupo, então, retorna ao carro e parte em disparada.
Imagens gravadas por pessoas que passavam pela região e publicadas nas redes sociais mostram o veículo de Fontes capotado lateralmente, com os airbags acionados após o choque com o ônibus.
Fontes era formado e pós-graduado em Direito. Antes de ser delegado geral, foi delegado por mais de 40 anos, tendo passado pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), pela Divisão de Investigações sobre Entorpecentes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) e pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), tendo comandado diversas delegacias e divisões.