O chefe da diplomacia do governo de Donald Trump, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, discutem nesta segunda-feira (15) em Tel Aviv os ataques do país ao Catar na semana passada. O encontro entre os dois aliados se dá em clima de troca mútua de elogios e no mesmo dia em que o genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza matou ao menos 37 palestinos desde o amanhecer, sendo que outros três em decorrência de fome severa.
A visita de Rubio a Israel ocorre uma semana antes da reunião de cúpula convocada pela França na ONU para reconhecer um Estado palestino, iniciativa repudiada veementemente pelo governo israelense. Netanyahu disse que Trump é o “maior amigo” que Israel já teve na Casa Branca, e a visita de Rubio “é uma mensagem clara de que os Estados Unidos apoiam Israel”.
Apesar do gesto de solidariedade, o governo Trump estaria descontente com o bombardeio israelense da terça-feira passada no Catar, país aliado de Washington e sede da maior base aérea estadunidense na região.
“Obviamente, não estamos felizes com isso. O presidente não ficou feliz. Agora temos que seguir em frente e averiguar o que vai acontecer em seguida”, disse Rubio aos jornalistas antes de viajar para Israel. No domingo, Trump disse que “o Catar tem sido um grande aliado. Israel e todos os outros, temos que ser cuidadosos. Quando atacamos pessoas, temos que ser cuidadosos”.
Enquanto eles trocam amenidades, pelo menos 37 palestinos foram mortos em ataques israelenses na Faixa de Gaza desde o amanhecer desta segunda-feira, incluindo 25 na Cidade de Gaza, segundo fontes em hospitais do território. Pelo menos cinco palestinos que esperavam por ajuda foram mortos a tiros ao sul de Khan Younis, informou o Complexo Médico Nasser à Al Jazeera.
O Ministério da Saúde Palestino em Gaza disse nesta segunda que pelo menos três pessoas morreram de fome nas últimas 24 horas, elevando o número total de pessoas mortas durante a guerra devido à fome para 425, incluindo 125 crianças.
Catar
Marco Rubio afirmou que conversaria com Netanyahu sobre a ofensiva israelense para tomar a Cidade de Gaza, a maior cidade do território devastado pelo genocídio, e sobre os planos de seu governo para anexar parte da Cisjordânia com a meta de impedir a criação de um Estado palestino.
Rubio destacou que Trump quer o fim da violência em Gaza, o que significaria a libertação dos prisioneiros capturados em 2023 e o fim do Hamas. O Catar atua, ao lado dos Estados Unidos e do Egito, como mediador entre Israel e Hamas no atual conflito.
O ataque israelense, que violou o espaço aéreo do Catar da semana passada, alvejou uma reunião de líderes do Hamas que deveriam examinar uma nova proposta dos EUA de cessar-fogo na Faixa de Gaza. A ação matou cinco palestinos membros do Hamas e um policial catari.
Rubio se encontrou no domingo com Netanyahu: os dois rezaram no Muro das Lamentações, o local mais sagrado do judaísmo. O muro fica na Cidade Antiga, parte de Jerusalém Leste, a área de maioria árabe conquistada por Israel em 1967 e ilegalmente anexada.
Rubio, um católico devoto, publicou posteriormente em uma rede social que a visita expressava sua crença de que Jerusalém é a “capital eterna” de Israel.
Antes do governo Trump, os EUA eram mais cautelosos no posicionamento sobre Jerusalém, mas o republicano transferiu a embaixada do país à cidade e vem indicando apoio aos planos israelenses de assumir controle total da cidade disputada internacionalmente.